domingo, 18 de abril de 2010

1. O costume do cachimbo é que põe a boca torta

Todos nós queremos mudar, crescer, evoluir. Só nos esquecemos de um pequeno detalhe: levamos anos construindo um edifício de maus hábitos e queremos implodi-lo em um só dia. Conseguir esta façanha é possível no mundo exterior, mas não no nosso mundo interior!

Desentortar a boca, após tempo de uso do cachimbo, é algo que requer paciência e perseverança. Enxergar que o cachimbo faz mal e que a boca precisa ser desentortada é apenas o primeiro passo. Do mesmo jeito, enxergar que um hábito não nos mais é necessário, é apenas uma das etapas do longo caminho que temos que trilhar, tendo em vista atingir, de forma completa, a paz que todos almejamos.

Quando enxergamos em nós um mau hábito e desejamos mudá-lo, acordamos pela manhã com toda a força para resistir a ele. Conseguimos até a metade do dia. Mas, geralmente, fraquejamos antes do anoitecer. Nos sentimos enfraquecidos e derrotados. Não percebemos, no entanto, que durante o dia fomos fortes, resistimos ao hábito várias vezes, até cedermos uma única vez. E nós, ao invés de ficarmos alegres porque já detectamos o nosso erro e estamos tentando mudar, ficamos decepcionados porque não mudamos com a rapidez que desejamos.

É como um doente que estando paralisado totalmente, através de um novo tratamento consegue sentar. Ele tem todos os motivos para alegrar-se. Afinal, conquistou uma significativa melhora! Mas, ao invés disso, se aborrece por ainda não poder andar.

Quando já nos encontramos em condições de encarar de frente os nossos “erros”, somos vencedores! Vencedores da batalha. Não da guerra! A guerra será vencida lenta e progressivamente. A “Grande Guerra” – a “Grande Luta” – que tem como objetivo a conquista do mais precioso tesouro, do mais precioso território: o nosso mundo interior.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

2. Devagar se chega ao longe

A história “Os Três Porquinhos” fala de três porquinhos (lógico), que desejam construir cada um a sua casa, a fim de se protegerem do terrível “Lobo Mau”. Dois deles, desejando realizar o serviço com a maior rapidez possível, resolveram construir suas casas com um material fácil de ser conseguido. O irmão mais velho – o Porquinho Prático –, no entanto, preferiu procurar pacientemente por um material que lhe garantisse uma maior segurança. Seus irmãos o criticaram bastante por esta atitude, dizendo que ele estava perdendo tempo. Porém, apenas a casa do Porquinho Prático conseguiu manter-se em pé. Pois, com apenas um sopro, o lobo conseguiu derrubar as casas dos dois porquinhos impacientes, que logo correram para buscar abrigo na casa do irmão que foi tão duramente criticado.

Por falar em paciência e na conquista da capacidade de agir devagar e com calma, a fim de conseguir o que é desejado, outra história infantil me vem à lembrança – “A Tartaruga e a Lebre”. A lebre, sabendo que era muito mais rápida que a tartaruga, resolveu propor uma disputa para medir a rapidez dos dois animais. A lebre tinha um único intuito: humilhar o lento animal que, certamente, seria o perdedor. A tartaruga, porém, não se intimidou e marcou a corrida logo para o dia seguinte. A floresta se transformou numa grande festa! Haviam faixas por todos os lados e bichos chegando de todos os cantos. Claro que a maioria torcendo para o provável vencedor – a lebre. Finalmente chegou o grande dia! Dada a partida, a lebre disparou na frente e a tartaruga caminhou da única forma que podia: lentamente. Percebendo que estava muito à frente do seu opositor, a lebre resolveu parar à sombra de uma árvore, a fim de descansar um pouco (dizem as más línguas que ela fez isso só para humilhar ainda mais a pobre tartaruga). Porém, a lebre pegou no sono e, “devagar e sempre”, a tartaruga continuou a sua caminhada até cruzar a linha de chegada. Sendo a grande vencedora do concurso que é comentado ainda hoje em toda a floresta.

A paciência é a mais importante arma utilizada pelos grandes vencedores. E como a nossa disputa é conosco mesmo, precisamos ter uma forte dose deste sentimento (ou comportamento), a fim de sermos condecorados como grandes campeões na arte de viver.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

3. Quem corre cansa, quem anda alcança


“Só alcançará a serenidade
quem acreditar na eternidade do ser.”

A eternidade do ser é uma “Verdade” que parece indiscutível! Ou, então, teremos que crer em um Deus satânico, que nos coloca no mundo para vivermos alguns poucos anos, enquanto Ele se “diverte” com nossas dificuldades e dores. Todavia, para os que não crêem nessa “Verdade”, faço a pergunta: O que viemos fazer aqui, no planeta Terra, nos nossos poucos anos de vida? Será que não viemos aprender a transformar nossos instintos, para que assim passemos da condição de animais à de verdadeiros seres humanos?[

Algumas pessoas, no entanto, ainda acreditam que é possível conseguir essa transformação nos seus sessenta, setenta anos de vida. Por esta razão, tentam superar todos os seus “defeitos” de uma só vez. Correm, cansam, se desesperam, se frustram e DESISTEM.

Defeitos nada mais são do que comportamentos inadequados às “Leis Universais”, decorrentes de sentimentos e pensamentos desarmoniosos. É necessário, portanto, que se escolha uma dificuldade por vez a ser trabalhada, de forma lenta e profunda, para que os resultados sejam mais compensadores. Mesmo assim, essa etapa da vida física tende a ser concluída, ainda com comportamentos a serem modificados. Contudo, com bem menos do que quando se age com pressa.

Quanto menos comportamentos inadequados
às “Leis Universais” uma pessoa possui,
mais harmoniosa será a sua vida.

Para que uma casa seja firme e segura, a base precisa ser muito bem construída. Assim lembra a estória do “Lobo Mau e os Três Porquinhos”: O porquinho Prático demorou um pouco mais do que seus apressados irmãos para construir a sua casa. Em compensação, ela suportou todos os ataques do lobo, pois possuía uma base forte. Assim também é a construção dos nossos valores: se estes forem assentados em uma base firme e sólida, não se desmoronarão diante das dificuldades da vida.

O ditado popular “vou devagar porque tenho pressa” parece ser incoerente. No entanto, reflete bem a necessidade de fazermos as coisas com calma e planejamento, para que não tenhamos que refazer todo um trabalho, por este ter saído errado ou mal feito.

Não esqueça: “a pressa é inimiga da perfeição”.

Aprenda com a lição passada, sutilmente, pelo porquinho Prático:

“Devagar se chega ao longe.”



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

4. Cada dia com sua agonia

“Cada dia com sua agonia” e com suas alegrias.

É assim um dia: composto de dores e sabores; de busca de prazeres e amores; recheado de encontros e desencontros. E é exatamente quando a busca é em vão, que a dor aparece e junto com ela a agonia.

Esta agonia que surge pela falta de serenidade para realizar as buscas nossas de cada dia. Serenidade que só é alcançada quando se está disposto a trilhar o caminho do meio. Pois esta grande busca deverá ser sempre o equilíbrio interno, que poderá ser atingido mantendo o nosso instrumento – o corpo físico – em constante afinação, a fim de que ele possa refletir as notas harmoniosas da alma. Afinal, viver se constitui na arte de “afinar o instrumento, de dentro para fora, de fora para dentro é manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.

Sábia orientação que nos é fornecida por uma linda música, e que nos parece, às vezes, impossível de ser seguida. Principalmente, no que diz respeito ao coração tranquilo. Como diz uma amiga, “nós não amamos, sentimos gunia” (não é nem agonia, é “gunia” mesmo!). Amamos de forma inquieta, levando a paixão ao seu extremo (como tudo que fazemos), nos esquecendo de que a paixão é uma potente fera, com a qual só devemos brincar se tivermos poder sobre ela. E como toda fera, por mais linda que pareça e por mais prazer e emoção que nos proporcione, deve ser domada e mantida sobre controle, para que não ataque o seu dono, fazendo com que este se desespere de dor.

Manter a “mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”, a fim de que possamos superar as agonias comuns de um dia, pode parecer uma orientação realmente difícil de ser seguida, mas não impossível! Caso nos fixemos nela todos os dias.

Impossível é uma palavra que não existe
no dicionário dos Homens de boa vontade.

O “Universo” não nos pede nada
que não sejamos capazes de realizar.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

5. Não quero saber se pedra pari ou põe

“Não me venha com desculpas! Não quero saber as razões que você agora vai me dar para poder explicar porque não fez o que eu mandei!” Era mais ou menos assim que uma senhora sacerdotisa dizia para seus discípulos, quando estes não realizavam as tarefas que lhes eram confiadas. Uma sacerdotisa (que se preze) está sempre em sintonia com as “Leis Universais”. Sendo assim, nunca pede aos seus discípulos aquilo que eles não podem fazer. E era por isso que esta velha sacerdotisa se utilizava deste dito popular para ensinar que quando uma ordem nos é dada, principalmente pelo “Universo” ou pelo nosso guia espiritual, ela deve sempre ser seguida.

Mas, apesar da palavra “discípulo” significar aquele que tem disciplina, eu prefiro dizer que discípulo é aquele que está em treinamento para ter disciplina. E, por ainda estar em treinamento, sente dificuldade em cumprir as ordens que recebe. Falta-lhe concentração e um pouco de sabedoria para compreender que, geralmente, o que lhe é ordenado faz parte do seu processo de aprendizagem. Também ainda não foi adquirido, pelo discípulo, aquele nobre sentimento que possuem alguns seres – o sentimento da boa vontade.

Lembro-me que quando eu era pequena e minha avó me dava alguma ordem, esta sempre vinha acompanhada da seguinte frase: “vou cuspir no chão”. O que significava que eu deveria voltar antes que a saliva secasse. Ela sabia que era bem provável que eu fosse parando em vários lugares, a fim de conversar com meus amiguinhos. E, assim, esquecesse de fazer o que me foi pedido, terminando por chegar em casa com uma “desculpa esfarrapada”, por não ter conseguido realizar o que me foi solicitado. Ela sabia que me deveria educar no sentido de que eu aprendesse a grande arte da concentração.

Minha avó me ensinava esta arte tão difícil de ser aprendida, através de frases bastante interessantes: “Não se pode assobiar e chupar cana”; “não se serve a dois senhores”. Ela também me orientava para que quando eu saísse, na intenção de realizar alguma tarefa, não me desviasse do caminho, pois “só jegue de aguadeiro deve ir parando de porta em porta” – dizia ela.

No repertório de casos que minha avó utilizava para reforçar este ensinamento, tinha um que era muito engraçado:

“A mulher pediu ao marido que fosse até a feira, a fim de trazer uns caranguejos para o almoço. Este não hesitou, nem um minuto, em realizar o desejo da mulher. Foi então para a feira, comprando os caranguejos assim que chegou lá. Mas aconteceu que ele encontrou uns amigos e começou a tomar uns aperitivos. O tempo foi passando e quando ele se lembrou que tinha que levar o alimento para o almoço, já estava quase na hora do jantar. Não queria tomar “bronca” da mulher, então “bolou” uma daquelas “desculpas esfarrapadas”, as quais não convencem ninguém: chegando na porta de casa, soltou os caranguejos da corda. Quando a mulher viu o marido, foi logo dizendo um monte de desaforos e pedindo uma explicação para o fato. Ao que ele disse, fingindo-se magoado: você acha, mulher, que foi fácil vir tangendo estes caranguejos da feira até aqui?”

Para não ter que recorrer a estes expedientes ridículos, é que me esforço ao máximo para seguir uma das mais importantes orientações de vovó: eduque sua mente para que ela esteja sempre concentrada naquilo que está fazendo. Afinal, “dois sentidos não assam milho”.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

6. Deixe o prego que o martelo chama

Existe uma pessoa, muito sábia, com a qual eu converso desde criança. Eu não poderia dizer a idade cronológica que esta pessoa possui, mas diria que ela tem a idade da sabedoria. E um dos seus sábios ensinamentos, diz o seguinte.

“Somos seres da natureza.
E, como tal, somos orientados e comandados por ela.
A única diferença que existe entre as pedras,
as flores, os animais e os homens é que,
estes últimos, pensam que podem guiar a si próprios.
Pior ainda, pensam que podem comandar
a própria natureza”.

Pois é, talvez nós sejamos os únicas seres da natureza que não nos orientamos pelas suas leis e impedimos que ela siga o seu curso natural. E, por esta atitude orgulhosa e inconsequente, temos pago altos preços. As consequências são vistas no planeta e sentidas no nosso corpo físico.

“Deixe o prego que o martelo chama” nos diz: deixe as coisas acontecerem naturalmente, confie na sabedoria do “Universo”. Afinal, Ele só conspira a nosso favor. Se isto é difícil de ser aprendido por nós, é porque requer o sentimento da fé como prérequisito. E, segundo Jung, não é possível exigir que se tenha fé. A fé só tem valor quando espontânea.

A fé é um sentimento que existe em germe no ser humano e, que aos poucos, vai tornando-se real e fortalecida. É tão importante que figura na carta de São Paulo aos Coríntios como um dos três sentimentos – a fé, a esperança e o amor – que permanece quando atingimos a maturidade espiritual.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

7. Deus escreve certo por linhas tortas

“Era uma vez um rei que vivia permanentemente acompanhado por um sacerdote. Todas as vezes que o rei se queixava de algo com o sacerdote, este dizia: tudo o que Deus faz é certo. Um dia, os dois saíram para caçar quando, por acidente, o sacerdote arrancou um dedo do rei com o machado. O rei esbravejou com o sacerdote, mas este logo respondeu: tudo que Deus faz é certo. Mais enraivado ainda, o rei mandou prender o sacerdote. Tranqüilamente, este disse: tudo que Deus faz é certo. Mesmo sem o dedo, o rei retornou às suas caçadas, quando foi atacado por uma tribo de canibais. No momento de ser comido pelos índios, um deles percebeu a falta do dedo e libertou o rei (nesta tribo pessoas mutiladas não serviam como alimento). Só então o rei percebeu o significado das palavras do sacerdote. E agradecido à Providência Divina e ao sacerdote, pois graças a ausência do dedo sua vida foi salva, mandou soltá-lo. O rei já tinha compreendido que tudo que Deus faz é certo, mas uma coisa ainda o intrigava. O rei, então, foi ter com o sacerdote e perguntou:

- Como Deus permitiu que um homem tão bom quanto Vossa Reverendíssima ficasse preso?

- Tudo que Deus faz é certo – respondeu o sacerdote. Se eu não estivesse preso, seria caçado pelos índios junto com Vossa Majestade. Como não sou mutilado, estaria morto neste momento.

Quando algo nos acontece na vida que não está de acordo com os nossos desejos, nos irritamos e até nos revoltamos contra Deus (só falta fazermos “beicinhos” e batermos os pés, malcriadamente, como crianças).

Questionamos a bondade de Deus quando Ele precisa empregar um recurso mais drástico para ensinar a seus filhos. Agora eu pergunto: se nosso filhinho, de cinco anos de idade, vivesse subindo na janela de um apartamento no sexto andar e já tivéssemos dado conselhos, pequenos castigos e ele não tivesse obedecido, qual seria a nossa atitude? Deixaríamos que ele continuasse subindo na janela, caísse e morresse; ou lhe daríamos umas boas “palmadas” para evitar a sua morte?

Nós somos, para Deus, crianças de cinco anos de idade, as quais Ele educa primeiro através de maneiras brandas. Porém, quando não consegue nos conduzir deste jeito, recorre a formas mais drásticas, a fim de nos evitar o pior. Mas nós, pobres mortais, seres limitados, utilizando apenas “dez por cento de nossa cabeça animal”, como podemos traduzir e entender a perfeita letra divina?

Por esta razão, uma grande amiga minha diz que quando morrer, pedirá para frequentar uma escola na dimensão divina, onde possa aprender a ler de cabeça para baixo, na intenção de entender as linhas tortas de Deus. Porém, nós duas chegamos a conclusão de que, enquanto não frequentamos esta “escola”, nosso único recurso é confiar na bondade d’Ele.

Afinal, se nós pais terrestres, humanos e mortais, que não possuímos a bondade e amor divinos, desejamos o melhor para os nossos filhos (e tentamos fazer o melhor por eles), imagine Deus! Ele não apenas tenta! Ele faz! Nós é que, ainda, não possuímos capacidade para compreendê-Lo.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

8. Não cutuque a onça com vara curta

Se um pugilista lhe dirigisse uma gracinha, no meio da rua, você reagiria? Se tivesse o mínimo de sensatez, não! Porque com um simples murro ele poderia acabar com você. Neste caso, seria até melhor rir com ele da “gracinha” feita.

Só devemos entrar em um jogo se tivermos cacife! Assim também são os empreendimentos perigosos da nossa vida: temos que medir, cautelosamente, se vale a pena enfrentar o perigo, isto é, se o resultado vale o sacrifício; e, principalmente, se temos alguma chance de sairmos vencedores.

Enfrentar um pugilista, cara a cara, não é coragem, é burrice!

Mas, se realmente você precisa enfrentar o perigo e está carente de armas – enfrentar uma onça com vara curta, por exemplo –. por que não esperar um pouco mais e usar o que você tem de melhor: sua inteligência? Talvez uma “flechinha” envenenada faça mais efeito! Pode ser que você não seja notado como quem pegou a onça, quer dizer, como quem resolveu o problema, mas o importante é que o problema foi resolvido. Não era esse o seu objetivo?

Atingir os objetivos, mesmo anonimamente,
é sinal de inteligência.
E todos somos inteligentes!

Alguém me disse uma certa vez que não iria ser besta para o marido, e eu retruquei: às vezes é melhor dar uma de besta, do que ser besta realmente.

O sábio é aquele que deixa que todos acreditem que ele é um tolo.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

9. Quando um não quer, dois não brigam

“Eu sou muito boazinha, mas quando pisam no meu calo!”

Nós falamos isso comumente e até com muito orgulho. Agora, imagine que este seja o famoso calo criado por um sapato. Se alguém pisa nele, seja sem intenção ou propositadamente, e você desconta pisando também no calo deste alguém, a dor que seu “adversário” irá sofrer não fará diminuir a sua. Pior ainda, se o outro resolver continuar “descontando”! Ao invés de uma só dor, você vai sentir duas, três até que um dos dois resolva ceder.

Mas se for esperto, você colocará seu pé debaixo da cadeira todas as vezes que encontrar com uma pessoa que gosta de “pisar em seus calos”; que tem um prazer mórbido em machucar os outros. Claro que você deixará de sentir o “doce”, ou melhor, o azedo sabor da vingança, mas desde quando sabor faz passar dor?

Dizem que “a vingança é um prato que se come frio”. Então não deve ser um alimento saboroso.

Se quisermos harmonizar o mundo, é assim que agiremos no nosso dia a dia: ao invés da vingança, o perdão.

As pessoas que nos machucam não merecem que gastemos nossas energias com vingança. O perdão é um sentimento que faz vibrar de forma intensa e equilibrada, não apenas as energias interiores, mas também as exteriores.

A harmonia do mundo não depende dos governos.
Depende de cada um de nós.

Quando nos vingamos “o feitiço vira contra o feiticeiro”. Isto é bem ilustrado nesta estorinha:

“Certa vez, um empresário não satisfeito com o café da manhã servido para ele, saiu bastante irritado. Quando chegou na empresa descarregou tudo no empregado. Este, por sua vez, jogou a sua agressividade na esposa; que com raiva agrediu o cão, chutando-o. O cão saiu correndo e mordeu a primeira pessoa que passou. Coincidentemente, o filho do empresário”.

Se achamos errado as pessoas maltratarem os outros e nós “descontamos”, somos mais errados do que elas, pois estamos conscientes do erro e mesmo assim o cometemos. E não vale dizer: “quem começou foi o outro”, porque se o outro deu início à agressividade, você errou em dar continuidade a ela. Ou será que você ainda vai dizer “dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair dela”? Se você dá um boi para não entrar numa briga, é porque não gosta desta situação. Como então dar uma boiada - como pagar mais caro – para não sair de uma situação que não desejaria estar? Juro que não consigo entender, pois um dia li:

“O mal que me fazem, não me faz mal.
O mal que me faz mal é aquele que eu mesmo faço,
porque me torna um homem mal.”

Obs: Aproveito a oportunidade que um livro me oferece para dar uma justificativa a todos que não conseguem entender quando digo que sou vingativa: uso uma espada, sim! Mas uma espada de cristal! Ela não fere, ela transforma o “adversário”.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

10. Quem tem com que me pague, nada me deve

Coloquei a vingança, nas páginas anteriores, como um sentimento negativo. Pois, usada daquela forma ela nada faz para contribuir com a harmonia social. Os sentimentos, contudo, não podem e nem devem ser divididos em negativos e positivos. Eles, como tudo que existe no universo, possuem os dois lados. Podendo, isso sim, serem manipulados de maneira positiva ou negativa, a depender da intenção e do caráter da pessoa que os utilizam.

Esse dito popular, “quem tem com que me pague nada me deve”, é usado por muitas pessoas de forma vingativa. Com o intuito, geralmente, de mostrar ao agressor que a vida se utilizará de suas próprias fraquezas, a fim de vingar o agredido. Eu o utilizo, no entanto, de uma forma completamente diferente: quando uma pessoa diz para mim, após ter recebido um favor, a famosa frase “não sei como lhe agradecer”, eu faço uso dessa sabedoria para mostrar que todos tem em si algo de bom, que podem usar como “pagamento” de um favor. E que cedo ou tarde ela encontrará uma forma de mim restituir a energia que empreguei para ajudá-la.

O UNIVERSO É TROCA
A expressão meio fantasiosa “o que faço é sem esperar nada em troca”, encerra o sentimento nobre da caridade. Sentimento que, no entanto, apenas algumas pessoas são capazes de atingir na sua totalidade. Afinal, ainda não alcançamos o grau da auto suficiência energética. Não realizarmos trocas justas é irmos de encontro a uma das maiores “Leis Universais”: a Terra nos dá tudo, mas pede em troca o nosso corpo para poder continuar alimentando outros corpos.

Que a pessoa que execute as “boas” ações,
nada espere em troca.
Mas que a pessoa que receba o favor
nunca esqueça de retribuir.
Ficar se doando sem receber nada em troca
é entregar o pescoço para os vampiros.
Ficar recebendo sem nada doar é ser o próprio vampiro.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

11. Quem tem tempo, faz a colher e borda o cabo

Muito já falei sobre o desrespeito ao “Tempo”, que para mim é tão importante na vida dos seres do planeta Terra, que o chamo de “Deus Tempo”.

Até agora falei da maneira incorreta que, geralmente, “Ele” é vivenciado, sem nenhum respeito aos seus estágios: passado, presente, futuro. Também considero um desrespeito o hábito do ser humano de pular etapas. Afinal, “cada coisa no seu devido tempo”. Porém, me chateio mais ainda com o fato de não se fazer nenhum agradecimento a “Ele”, pelo seu silencioso trabalho de orientar o dia a dia dos homens.

Para as pessoas que não respeitam o “Deus Tempo”, o dia tem apenas umas dez horas, não permitindo assim que elas executem a metade das coisas a que se propõem a fazer. Para outras, no entanto, o dia parece ter quarenta e oito horas. Elas aprenderam a respeitar e cultuar o “Tempo” e por isto são abençoadas por este “Deus”, que permite que seus cultuadores “façam a colher e bordem o cabo”, isto é, que cumpram as suas tarefas diárias com obrigação e também com arte, ajudando a embelezar este mundo que, por si só, já é tão belo. Conviver de forma adequada com o “Tempo” possibilita o desenvolvimento dos nossos dons inatos: nossas artes.

De nada adianta fazermos um abaixo-assinado para Deus, pedindo para que o dia tenha quarenta e oito horas, a fim de que possamos realizar todas as tarefas diárias. O segredo não é aumentar as horas de um dia e, sim, adequar as tarefas para a quantidade de horas que o dia possui.

Viver pode ser uma grande dança se ritmada pelo “Tempo”.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

12. Cego que guia cego, caem os dois no mesmo buraco

Guru hoje em dia é moda? Não! Gurus, profetas, videntes sempre foram procurados em todas as épocas e por todas as classes sociais.

Não existe mal nenhum no fato de buscar em alguém mais equilibrado psíquica e emocionalmente, ensinamentos e direcionamento para vida. Afinal, foi isto que os Apóstolos fizeram com o Grande Mestre Jesus. O mal está em utilizar esta pessoa como muleta pois, quando esta quebra, não mais se sabe caminhar sozinho. O mal está em esperar que este alguém nos dê a iluminação, coisa que só podemos encontrar pelo nosso próprio esforço.

Um ser mais evoluído pode nos ajudar a acender a nossa luz íntima; pode mostrar o caminho, mas nunca caminhar por nós. O bom mestre apenas mostra o caminho, mas não força o discípulo a caminhar por ele, pois tem consciência de que “a fruta só dá no seu tempo”.

O perigo maior está quando, na nossa ânsia de descobrir alguém que nos acenda essa luz, saímos numa busca cega e encontramos um falso guru – alguém com um grau evolutivo ainda menor que o nosso –, esquecendo-nos de que “quando o discípulo está pronto o mestre aparece”.

Se é um risco sermos guiados por alguém que não conhece, ainda, a “Verdade”, risco maior é tentarmos mostrar aos outros a “Verdade” que não conhecemos.

Queremos mudar os outros
quando não conseguimos mudar nem a nós mesmo.
Não é a “Verdade” que queremos mostrar.
E sim a nossa verdade.

Lembro-me de um dia em que fiquei muito chateada com um amigo por algo muito sério que ele me fez. Disse-lhe que eu nunca faria aquilo com ele, ao que me respondeu: “você deve ter pena de mim, Graziela, e não raiva, porque vou ter ainda que aprender o que você já aprendeu. Na subida até Deus você tem um degrau a menos para subir”.

Essa experiência serviu para que eu não mais esperasse das pessoas aquilo que elas ainda não me podiam dar. Também aprendi a não esperar de mim aquilo que eu ainda não era capaz de fazer.

Aceitar os meus limites e os dos outros foi um grande passo que dei na estrada da vida.

Se você ainda não conhece a “Verdade” – se ainda não tem “olhos para ver” – não conduza ninguém. Pois, se você cair no buraco, cairá sozinho e terá alguém do lado de fora para socorrê-lo.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

13. Não queira ser mais real do que o rei

Somos eternamente insatisfeitos porque desejamos ter mais do que lutamos para conquistar, ou talvez mais do que possamos conquistar.

O problema não está em sonhar e sim em iludir-se!

Santos Dumont sonhou e lutou para construir uma máquina que o fizesse voar. Conseguiu! Mas nunca se iludiu que um dia poderia voar como os pássaros.

As pessoas se queixam sempre de que estão “apertadas” financeiramente. Será que o salário é pouco, ou elas tentam fazer com o salário mais do que ele suporta? É claro que aqui não estão incluídas aquelas pessoas que ganham um salário mínimo e têm oito filhos para sustentar. Mas é interessante observar que as queixas, geralmente, não procedem deste grupo social.

Tudo é uma questão de referencial! Nosso salário é pouco, comparado com o do vizinho da direita, por exemplo; é muito, no entanto, se comparado com o da esquerda. Os problemas surgem quando queremos ter o padrão de vida do vizinho da direita, com o salário que possuímos.

O ser humano precisa de muito pouca coisa para viver: teto, comida e roupa para proteger-se do frio. Lembre-se da roupa usada por Ghandi, a alimentação de São João Batista e o teto sobre o qual Jesus Cristo nasceu. É claro que compreendo que não possuímos o grau evolutivo destes mestres, para nos contentarmos com tanta simplicidade. Mas se compararmos os seus semblantes de paz com os nossos constantemente tensos, talvez nos sintamos estimulados a tentar, mesmo que seja em dose mínima, seguir os seus exemplos.

Não há mal nenhum em se desejar luxo e conforto.
Desde que o preço que tenhamos que pagar
não seja a nossa paz interior.

A tecnologia avança muito rápido e com ela a nossa febre consumista. Nem bem compramos um eletrodoméstico e já desejamos um mais avançado. Cresce a febre consumista, diminui a conta bancária e a nossa tranquilidade.

Passe os olhos, rapidamente, pelo seu guarda-roupa e pela sua casa. Observe quantas coisas você tem que não utiliza. Agora lembre-se quantas noites perdidas pensando como pagaria as prestações destas coisas inúteis..Uma coisa pode até ser essencial, mas se não é possível comprá-la, torna-se um luxo. Pois essencial mesmo é teto, comida e roupa (e olhe lá!).

Não se aborreça por não possuir tanto quanto o outro. Pense que talvez você tenha hoje um padrão de vida melhor do que o que tinha ou tem seus pais, podendo assim proporcionar para seus filhos um melhor que o seu.

Você já pensou que a roupa que tem dura uns bons anos? Que o dinheiro que possui dá para pagar, pelo menos, um quarto para sua família proteger-se do sol e da chuva? Que frutas são encontradas pelas matas? Não recomendo, em hipótese alguma, que viva apenas com isto. É apenas um lembrete – um tranquilizante – para os seus momentos de medo, preocupação e desespero com os problemas financeiros.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

14. A galinha da vizinha é mais gorda que a minha

Isto é um sentimento claro de inveja. E você, provavelmente, fica triste por possui-lo. É que nos ensinaram, desde pequenos, que existem sentimentos bons e ruins e que somos “pecadores” quando não possuímos os bons. Na verdade, o que existe são sentimentos! Eles se tornam bons ou ruins a depender de como os utilizamos e em que dosagem.

O amor – que é considerado o mais belo dos sentimentos – mata, quando dado em dose excessiva (quantos assassinos estão presos por matarem em nome do “amor”?). No entanto, o egoísmo deixa de ser um vilão, quando se compreende que primeiro é preciso pensar em si mesmo, para depois pensar no outro. Afinal, só quem está feliz pode fazer alguém feliz. E foi o próprio Jesus quem disse: “Ama o próximo como a ti mesmo”. Enfim, primeiro ame a si e depois ame o outro. Este egoísmo só se torna algo prejudicial quando não se pensa primeiro em si, mas só em si.

“O veneno da cobra tanto mata, quanto cura.”

Assim são os sentimentos: podem ser bons ou ruins a depender do ângulo em que sejam vistos e com que finalidade sejam utilizados. A inveja, por exemplo, pode servir como instrumento de crescimento material, se ao olhar para um carro zero quilômetro admirando-o, você se esforça para um dia poder ter um igual. Você não deseja que aconteça um acidente com o carro para que seu dono deixe de ter conforto, apenas quer conforto também. Esta inveja estimula a ambição, que por sua vez estimula o trabalho.

Se você olha a “galinha gorda da vizinha” para que, imitando-a, faça uma criação igual a dela, parabéns! Porém, se seu desejo é de destruição e não de construção, pare e reflita sobre a forma que está utilizando a inveja. E muito cuidado para não estar sofrendo da “síndrome da eterna insatisfação”.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

15. Macaco que muito pula, quer dançar

Dizem que somos descendentes dos macacos. Se é verdade ou mentira, não sei. Mas que somos bastante semelhantes, ah somos! Assim como eles, vivemos pulando de galho em galho e quase sempre “dançamos”. Quando não pulamos, ficamos em um galho, desejando sempre estar em outro: ficamos em um emprego, desejando estar em outro; com uma esposa, desejando estar com outra ou solteiro; temos um filho e queremos que ele seja igual ao da vizinha; enquanto estudantes, tudo o que desejamos é nos formarmos para sermos profissionais, quando profissionais, dizemos: ah! antes fôssemos estudantes.

Você pode dizer: a insatisfação é própria do ser humano. Com certeza é! Mas é também próprio do ser humano o instinto agressivo e sexual e no entanto tentamos domá-los. Por que com o “instinto da insatisfação” nós nos comprazemos – nos orgulhamos dele –, ao invés de tentarmos controlá-lo, se é exatamente ele que nos faz sermos pessoas infelizes?

Ótimo! Você já conseguiu ver a insatisfação como um “instinto” e melhor ainda controlável. Mas agora, provavelmente, deseja saber como controlá-lo? Simples! Buscando e arrancado as raízes da insatisfação. Queremos sempre pular para outra situação porque vemos naquela em que nos encontramos, apenas os seus pontos negativos. E quando sonhamos ou recordamos da outra, vemos apenas os seus pontos positivos. Observe uma pessoa de quarenta anos falando: “ah, quando criança eu não tinha preocupações, responsabilidades, eu era tão livre!” Esta pessoa se esquece, no entanto, da preocupação que as crianças têm com a morte dos pais e o medo dos fantasmas; da responsabilidade com as tarefas e notas escolares; da falta de liberdade para comer, tomar banho e sair na hora que quiser. Agora, observe uma pessoa de oitenta anos falando: “ah, quando eu tinha quarenta anos!”. A pessoa de quarenta anos se esquece que realmente não tem mais a alegria simples da criança, mas também não tem tantos medos irreais e já é dono do seu “próprio nariz”. A de oitenta anos não tem mais a força física dos quarentas anos, porém tem mais tempo para aproveitar os prazeres da vida, além de possuir mais experiência.

Enfim, para que não dancemos, isto é, para que não sejamos pessoas constantemente insatisfeitas, torna-se necessário que busquemos sempre os pontos positivos das pessoas e das situações que estamos vivendo no momento, pois “quem muito quer, nada tem”.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

16. O pavão olha para o rabo para não ver os pés que tem

Antes de ler este capítulo, pense rapidamente em alguns defeitos seus.

Foi difícil, não?

Faça um outro exercício: quando estiver com um grupo de amigos, observe quantas vezes cada um deles utiliza a frase “eu sou”, geralmente exaltando as suas qualidades.

Por que será que isso acontece?

Provavelmente, porque preferimos acreditar que somos perfeitos, a termos que lutar contra nossas próprias imperfeições.

Nós vivemos na superficialidade porque temos medo de dar um mergulho profundo no nosso ser; porque temos medo de nos encontrarmos com nós mesmos e descobrirmos quem somos de verdade, sem máscaras e ilusões, pois assim nos defrontaremos com nossas imperfeições. E como somos comodistas por excelência, preferimos, repito, acreditar que somos perfeitos a termos que lutar contra nossas próprias imperfeições.

Mas, se não fizermos como “o pavão que olha para o rabo para não ver os pés que tem”; se não utilizarmos os nossos pontos positivos para encobrir os negativos, talvez nos encontremos. E só então poderemos nos “orgulhar” das nossas virtudes, nos conformar com nossos limites e, principalmente, lutar para superar nossos defeitos – para vencer a nós mesmos. Esta é a “Grande Luta”, que para ser vencida é preciso que antes tenhamos coragem de tirar a venda dos olhos, pois “o pior cego é aquele que não quer ver”.

Quando as mudanças começam a ocorrer em nossas vidas; quando inicia nossa transformação de sapos em príncipes; quando um grau maior de evolução é vislumbrado pelo nosso ser, corremos o risco de ficarmos encantados com os valores que já conseguimos adquirir e, então, deixarmos de lado os que ainda faltam para que o crescimento interior seja acelerado.

É como encantar-se com uma árvore da floresta e deixar de explorar a beleza das outras.

Não se deve, no entanto, exagerar na dose oposta: passar a olhar os pés, esquecendo-se do rabo, isto é, passar a observar só os defeitos, ignorando as virtudes já incorporadas. O que seria uma atitude de falsa modéstia, de autopunição, que só serve para fazer com que nos sintamos incapazes de sermos vencedores.

Ser verdadeiro é olhar com clareza e coragem,
tanto para o que se tem de belo,
como para o que se tem de feio.
As nossas poucas virtudes de hoje servem
para dar-nos forças e confiança;
segurança de que no amanhã seremos só virtude.

Afinal, nós somos deuses.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

17. Um pé torto para um sapato roto

Um relacionamento, todos sabemos, seja ele em que nível for – namoro, casamento, amizade – é algo extremamente difícil. Normalmente pensamos que o erro está no outro, mas a cada um é dado exatamente aquilo que precisa para o seu crescimento interior.

A agressividade de quem convive conosco serve para que treinemos a nossa doçura; o comodismo, nosso espírito de luta; as traições, nossa humildade e capacidade de perdão; as dificuldades insolúveis, nossa resignação.

Portanto, observe os defeitos que as pessoas com quem convive possuem e não mais as critique por possui-los. Ao contrário, tente verificar o que você está precisando aprender através deles.

Aristóteles disse: “o amor é o sentimento dos seres imperfeitos, visto que é através dele que se alcança a perfeição”. Demonstra assim que se você ainda necessita do “amor em par”: marido-mulher, mãe-filha, amigo-amiga – é porque ainda não alcançou um grau evolutivo que lhe permita amar toda a humanidade, como é o caso dos “Grandes Mestres”.

Os companheiros são os instrumentos
que ajudarão a burilar nosso espírito.
Somos como diamantes brutos que precisam ser lapidados.

O marido deseja uma mulher mais culta, mas será que ele teria cultura suficiente para acompanhá-la? A mãe deseja um filho mais dócil, no entanto, será que estaria preparada para “suportar” a quantidade de “chamego” que ele faria nela? A amiga espera ter um amigo mais tranquilo; será que com a pouca visão que temos, esta tranqüilidade não seria confundida com “lerdeza”?

Quem tem um pé torto não suporta calçar um sapato nos moldes normais; quem está acostumado com a penumbra, muita luz pode ofuscar as vistas. Alguém muito evoluído junto a nós pode vir a ofuscar nosso ser, impedindo que ele cumpra seu maior objetivo no planeta Terra: conhecer a si mesmo. O que fará com que conheça os outros e o “Universo”.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

18. Atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher

E atrás de uma grande mulher sempre existe um grande homem. Afinal, cada um tem o parceiro que merece e precisa.

Diz o ditado popular “o sol nasceu para todos e a sombra para quem merece”. A todos foi dado o direito de ter um parceiro, mas excelentes parceiros, só para EXCELENTES pessoas.

“Atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher”, parece ser um adágio popular do tempo em que nós mulheres ainda precisávamos vangloriar-nos, a fim de acreditarmos na nossa importância. Mesmo assim, nos colocando atrás dos homens. Tentava-se dizer com isso que por trás do trabalho masculino, que aparecia para a sociedade, estavam as mãos femininas assessorando no trabalho invisível de dona de casa.

Hoje, a mulher não mais precisa mostrar o seu valor. Ela sabe do seu valor.

Só faz questão de mostrar quem é,
aquele que ainda não sabe quem é.
A mulher já tem consciência que não caminha
nem atrás, nem na frente dos homens.
Os dois caminham juntos!

Quando Deus, ou a força que você acredita, criou o homem e a mulher, precisou dar a um dos dois o dom e o dever de procriar. Não me perguntem porque Ele escolheu a mulher, isso só poderei responder quando eu for íntima d’Ele e lhe fizer esta pergunta (garanto que curiosidade não me falta). Mas, voltando ao assunto para que fique mais claro, imagine o tempo das cavernas, com aqueles bichos ENORMES! Se à mulher cabia procriar, é claro que ela seria dotada de maior sensibilidade. Caso contrário, diante da dor do parto jogaria seu filho fora logo que este nascesse. Enquanto que o homem precisava de maior agressividade para matar aqueles bichos e, assim, poder defender e alimentar a sua família. Se fosse o homem quem gerasse a criança, é claro que seria o inverso.

Consideramos as mulheres mais sofredoras do que os homens. Mas, será que a pessoa que recebeu o dom de dar a vida sofre mais que aquela que recebeu a responsabilidade de tirar a vida (pelo menos no passado)? Será que uma pessoa portadora de maior agressividade é mais feliz que aquela portadora de maior sensibilidade?

Pode-se pensar que hoje já não existem os bichos de antes e que as mulheres também “vão à luta”. Assim, já não há razão para a agressividade masculina. Não podemos nos esquecer, no entanto, da herança genética; que esse “gen da agressividade” masculina está se dissipando aos poucos, pois “a função faz o órgão”. Quanto menos agressivos os homens precisarem ser, menos agressivos serão. A prova disto é que não podemos comparar os homens de hoje com os da caverna (e nem mesmo com os nossos avós).

Quem sabe mais ensina a quem sabe menos.

Se você é mulher, não espere que o homem lhe dê, na dose que você deseja, aquilo que talvez ainda não possua. Ensine a ele o que você sabe tão bem – ser sensível. Se você é homem, ensine para a mulher o seu senso prático de realidade.

Homens e mulheres, se conscientes dos seus valores,
limites e diferenças, serão bem mais felizes juntos.





(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

19. Um torto falando do aleijado

“Uma mulher; todos os dias na hora do almoço, ao ver a roupa da vizinha estendida na corda, comentava com o marido: – que mulher preguiçosa! Isso é roupa lavada?! Está toda suja! Não tinha um só dia que a mulher não fizesse este comentário. Quando o marido não mais suportou, disse: – não é a roupa da vizinha que está suja, mulher, é que você está vendo a roupa através da sua vidraça imunda.”

Quando enxergamos um defeito em alguém,
o vemos através da nossa mente e coração sujos.

O defeito está em nós. Mas, como é muito difícil admitirmos nossos erros, os transferimos para outrem. Confirmando as palavras de Jesus: “Por que verdes um argueiro no olho do vosso irmão, vós que não verdes uma trave no vosso olho?”

Quem somos nós, seres imperfeitos,
para criticarmos as imperfeições alheias?

Podemos até não termos os mesmos defeitos de uma determinada pessoa, mas temos outros. E voltando a Cristo, o maior psicoterapeuta da humanidade, na passagem com Madalena, onde todos queriam apedrejá-la por ela ser prostituta, Ele solucionou o problema dizendo: “aquele que tiver sem pecado, que atire a primeira pedra”. Lógico que ninguém teve a “cara-de-pau” de apedrejá-la. Então, porque seremos nós a jogarmos pedras no telhado do vizinho, quando o nosso é de vidro?

“Quem tem telha de vidro não joga pedra na do vizinho.”

Ninguém ajuda ninguém com críticas (até mesmo as chamadas “construtivas”, caso sejam feitas sem a sabedoria de quem sabe e deseja ajudar o outro). Para que se ajude alguém é preciso uma imensa dose de compreensão dos limites do outro. Só depois se deve ir ensinando, gradativamente e com muito amor, a melhor forma dele superar os seus defeitos.

Seus inimigos não merecem que você perca
seu tempo criticando-os.
Seus amigos só merecem o seu amor,
sua compreensão, paciência e sabedoria.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)






segunda-feira, 22 de março de 2010

20. Boca fechada não entra mosca


Se observarmos bem, veremos que quatro dos nossos órgãos dos sentidos permanecem ativos o tempo que desejarmos: os olhos se mantêm abertos com a possibilidade de serem fechados; assim também são nossos ouvidos, nariz e pele que podemos tapá-los ou cobri-la, quando não desejamos utilizá-los. Perceba a palavra podemos, porque estes quatros órgãos foram feitos para ficarem ativos. No entanto, com a língua, um outro órgão do sentido, acontece o inverso: ela fica “guardadinha” na boca, devendo ser usada quando necessário, para saborearmos os alimentos ou para falarmos.

Mas será que é isso que fazemos? Parece que não! Nós falamos muito mais do que vemos, ouvimos, cheiramos e sentimos. Sendo assim, utilizamos muito mais um órgão – a língua, do que os outros quatro juntos. E o pior, aquele que deveria ser menos utilizado!

Observe, neste exato momento, se seus olhos, nariz, ouvidos e pele não estão “abertos”, enquanto sua boca está fechada? É esta a correta posição dos cinco órgãos do sentido.

“O mal não é o que entra na boca do homem, é o que sai dela.”

O mal é quando utilizamos um órgão tão precioso quanto a língua, para maledicências, injúrias, injustiças e “fofocas”, por mais “inocentes” que pareçam ser.

A vida dos outros não nos pertence.
Não é porque falam da gente, que devemos ou podemos
falar dos outros.

“Os erros dos outros não justificam os nossos.”

Quatro coisas são fundamentais para que nos tornemos mais sábios: saber, ouvir, ousar e calar. Calar é a última, por ser a mais difícil.

Calar é realmente difícil, mas não impossível!
Tente! Você conseguirá manter a língua
no lugar que lhe é devido:
dentro da boca!

O hemisfério esquerdo do cérebro é responsável pela palavra: falar, ouvir, etc. O direito pela percepção, musicalidade. Caso, em uma experiência, o cérebro direito sela anulado, a pessoa fala como um robô - sem musicalidade. Não transmitindo, assim, os sentimentos. O que demonstra que se você falar muito, ativa o lado esquerdo do cérebro, deixando o direito pouco ativo - com pouca percepção.

Portanto, se você quer perceber mais coisas,
fale menos e sinta mais!

“A palavra é de prata e o silêncio é de ouro.”



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

21. Os cães ladram e a caravana pass


Amo as historinhas que me são contadas pelos meus clientes e amigos. Amo em especial as que estão contidas neste livro. Esta que agora vou relatar, por exemplo, reflete muito bem este dito popular:

“Um velho, uma criança e um jegue estavam viajando. A criança ia montada no jegue quando passaram por um grupo de pessoas que comentaram: Que absurdo, a criança que é jovem vai montada, enquanto o velho vai andando! O velho, ao ouvir aquilo, tirou a criança e montou no animal. Quando passou por outro grupo de pessoas, estas comentaram: Que velho mau, deixa a pobre criança andando e vai montado! Escutando estas palavras o velho desmontou e seguiu andando junto com a criança. Agora o povo comenta: Que velho burro, com um animal e os dois vão andando! Tentando satisfazer a vontade popular os dois montaram no jegue: Isso é um crime, duas pessoas montadas no pobre animal! Já enlouquecido, sem saber como agradar ao povo, o velho carrega o jegue nas costas. E as pessoas, com ar de crítica e satisfação, saem dizendo: Este homem deve ser louco!

E era mesmo! Não por carregar o animal nas costas, mas por querer agradar a todos, o que é humanamente impossível. É como querer segurar uma estrela com as mãos; por ser impossível se torna um ato de loucura.

Você já deu um corte novo nos cabelos e com certeza já ouviu: “Onde cortou? Ficou lindo!” Assim como: “Por que fez isso?! Você tinha cabelos tão bonitos.”

Como não pode agradar a todo mundo, agrade a você mesmo.

Só estando feliz, você conseguirá fazer os outros felizes.

Os cães ladram – as pessoas comentam –,
mas a caravana passa.
Sua vida caminha e segue sempre em frente.

“O profeta pediu a Deus:
– Deus, proteja-me apenas de uma coisa:
da língua dos caluniadores.
Ao que Deus respondeu:
– Meu filho, você quer ser melhor do que eu?”

Você nunca poderá controlar o que as pessoas sentem, pensam e dizem a seu respeito. Portanto, se algum comentário maldoso surgir sobre você, lembre-se: “os cães ladram e a caravana passa”.

Se cristo foi criticado, morto e crucificado, imagine nós! Façamos como Ele que disse: “Perdoa pai, porque eles não sabem o que fazem”.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

22. Depois da tempestade vem a bonança


E depois da bonança vem a tempestade.

A vida é cíclica: a maré enche, vaza e enche de novo. O sol acorda, adormece e acorda de novo, temos o dia, a noite, o dia. Assim também são as fases da nossa vida: fases boas, ruins e boas de novo. Então, por que nos desesperarmos quando estamos com problemas, se sabemos que cedo ou tarde, de uma forma ou de outra, eles serão resolvidos?

Somos pessimistas ou otimistas em excesso. Pensamos que a fase ruim nunca acabará; ou, quando estamos bem, pensamos que nunca mais teremos problemas.

Enxergar que na vida temos problemas
– que passamos por dificuldades –
não é pessimismo, é realismo.

Pessimista é aquela pessoa que durante a semana passa quatro dias neutros (onde não acontece nada de bom, nem de ruim); dois dias bons e um ruim. Porém, um único dia ruim é o suficiente para que diga: “tive uma semana de cão”.


Eu costumo desenhar um pequeno ponto no centro de uma cartolina branca e pergunto o que as pessoas estão vendo ali. Até hoje só uma pessoa respondeu: “Um papel branco com um pequeno ponto preto”. Normalmente dizem: “Um ponto preto”. É que as pessoas tendem a ver apenas os pontos pretos do momento que estão vivendo. Mesmo a parte branca sendo bem maior; vêem apenas os problemas existentes naquela fase, deixando de enxergar o que de bom está acontecendo ou o que de ruim está deixando de acontecer. A situação financeira, por exemplo, pode estar difícil, mas você e sua família estão saudáveis, seus amigos estão bem com você e na sua profissão tudo corre tranquilamente.

Não devemos diagnosticar um período inteiro em virtude de um único problema. E que muitas vezes não é nem um problema, é apenas uma dificuldade comum de vida. Ficar doente, ter dificuldades financeiras, ter problemas de relacionamento, faz parte do “show da vida”. São as provas nas quais precisamos ser aprovados na escola que é o planeta Terra.

Nenhuma dificuldade, assim como nenhuma tempestade dura “todo o sempre”. E para que passe o mais rápido possível, aprenda a “jogo de contente”, ensinado pelo famoso livro “Pollyana”, onde para cada coisa ruim que está acontecendo conosco, lembramos de várias coisas boas que também estão ocorrendo e das ruins que não estão nos atingindo.

“Não há mal que sempre dure,
nem bem que nunca acabe.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

23. O que não tem remédio, remediado está


“Senhor:
Dá-me serenidade para
aceitar as coisas que não
podem ser mudadas.
Coragem para mudar as que posso.
E discernimento para distinguir
umas das outras.”

Não existem problemas, só soluções!

Isso quando compreendemos que determinadas coisas devem apenas serem aceitas, pois a resolução não está em nossas mãos. Está na de outrem ou na de uma inteligência muito superior, como a de Deus.

A única solução para alguns problemas é aceitá-los.

Com isso, não estou querendo dizer que devemos deixar os problemas ao sabor dos ventos; ou entregá-los nas mãos de Deus. Afinal, diz a Bíblia: “Fazei sua parte que Eu lhe ajudarei”.

O difícil é distinguir o que pode e o que não pode ser mudado.

Eu uso e ensino aos meus clientes o seguinte método: se para mudar uma situação, você já tentou um caminho e não deu certo. Tentou outro, também não solucionou o problema. Tente, enquanto tiver caminhos. Porém, se estes cessarem – se já não existir nenhuma nova idéia – cesse também as tentativas, senão ficará “malhando em ferro frio”.

Assim, para os tipos de problemas acima citados a solução é a aceitação. Pode não ser a desejada, mas nem por isso deixa de ser uma solução.

Somos ainda crianças mimadas que batemos os pés e dizemos: “eu quelo, eu quelo, eu quelo”. Esquecendo-nos que as coisas não são como queremos e sim como podem e devem ser.

As pessoas comumente dizem: “eu não aceito”, “eu não admito”. Por isso, meu filho, na época com seis anos, permitiu que sua alma milenar expressasse: “minha mãe, ensine para minha avó que na vida a gente não tem que admitir, nem desadimitir nada. A vida é o que é, as pessoas são o que é”.

Quando entendemos que “o que não tem remédio, remediado está”, é porque estamos começando a aprender ou já aprendemos um valor sublime – a resignação.

Um ser resignado não é um ser acomodado.
É apenas alguém sábio o suficiente
para compreender as limitações humanas.

Um ser resignado é um ser adaptado à realidade.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

24. Sabedoria quando é demais vira bicho e engole o dono


O homem foi à lua.
fugiu da rua,
da verdade crua.
Queria alcançar o infinito,
esquecer os conflitos,
os aflitos.
O homem está na rua
Perdido na Terra
e no mundo da lua.

O homem está desvendando o universo (e por isso se acha muito esperto), quando ainda não conseguiu desvendar seu universo íntimo.

Buscar o infinito pode ser uma fuga do finito:
uma fuga de si mesmo.

“Certa vez, um filósofo ocidental bastante famoso pelas suas teorias cientificas, tentou, com muito afinco, marcar uma entrevista com um mestre para falar a respeito do Zen Budismo. Quando o esperado dia chegou, o filósofo encontrou o mestre que lhe estendeu uma xícara, a fim de servir-lhe um chá, e esta começou a transbordar, transbordar. Até que o filósofo, não mais suportando aquela situação, perguntou porque o mestre estava fazendo aquilo! E o mestre respondeu: esta xícara está transbordando. É preciso que ela seja esvaziada para que receba chá fresco. Assim também esta você! Transbordando de conhecimentos! Esvazie sua mente de conhecimentos que lhe são inúteis, para que possa adquirir novos.”

O Homem, com sua mente enraizada na suposta verdade cientifica, ignorante da verdadeira “Verdade”, tenta descobrir os mistérios do universo; enquanto tem um universo íntimo, praticamente virgem, a ser explorado. A ciência fez e faz descobertas fantásticas, mas não conseguiu ainda responder às três perguntas básicas: quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

A ciência não é a “Verdade”, apenas parte dela.
Uma parte indispensável,
como qualquer parte que forme um todo.

A “sapiência” do “Homo Sapiens” está destruindo o nosso planeta e, num futuro próximo, o homem poderá se autodestruir, caso não use a sabedoria de forma correta.

Ser “sabido” não é ser sábio.

O “sabido” é aquele que sempre comenta sobre suas espertezas, sem lembrar que “o mal dos sabidos é pensar que os outros são bestas”; O “sabido” é aquele que faz assinatura de determinado tipo de revista, para poder estar por dentro da inflação, corrupção no governo, e assim ser visto como um homem “culto”; que assiste e lê todos os jornais, ficando “expert” em crimes e sequestros. Novelas? Jamais!

O sábio por sua vez, tem consciência que se aprende com tudo e com todos: com o analfabeto e com o homem da ciência; com os jornais e com as novelas. E não faz da inteligência e da cultura o final do caminho. Ele sabe que são apenas degraus de uma escada que nos conduzirá à sabedoria maior: a sabedoria da vida.

“Sábio é aquele que desistiu de enquadrar as pessoas, o mundo e o futuro nas concepções. Sábio é aquele que através de uma harmonia pessoal consegue sentir o seguinte: faço parte e quero cada vez mais integrar-me e adaptar-me a vida que canta e cai, a vida que sofre e festeja em volta de mim; sábio é aquele que desistiu de ser o universo e resolveu apenas viver com o universo.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)


sexta-feira, 19 de março de 2010














25. Em terra de cego, quem tem um olho é rei


Ou talvez, em terra de cego quem tem um olho é LOUCO! Afinal, quem possuir um olho enxergará, nesta terra, coisas que o restante da população não terá condições de ver. Como se vê, aquele que possuir um olho, numa terra povoada por pessoas impossibilitadas de enxergar, poderá ser considerado um rei ou um louco, a depender da sabedoria e humildade desta população.

Caso esta população, mesmo sem o “poder da visão”, consiga enxergar com a sabedoria da alma, poderá entender que aquele ser “anormal”, isto é, fora dos padrões normais, enxerga uma “realidade” impossível de ser captada por todos, ou mesmo pela maioria. Uma realidade que vai além do real, parecendo surgir da imaginação daquele ser, uma vez que é vivenciada apenas por ele. Se assim for visto, este homem será considerado um rei, um mestre, um guia que orientará o povo pelos caminhos ainda obscuros. Mas, infelizmente, não é isso que acontece entre nós!

Por prepotência, ignorância e cegueira interior, os membros das sociedades modernas, consideram os indivíduos possuidores de capacidades que vão além das normais, como verdadeiros loucos (e não como sábios). Perdendo, assim, os valiosos ensinamentos que estas pessoas são capazes de transmitir. Ensinamentos que foram tirados do grande livro do universo. O pior é que de tanto serem vistas como loucas, estas pessoas terminam por assumir este posto. Parece que é mas fácil se curvar à pressão social, do que ir contra ela.

O caminho curto pode ser o mais fácil.
Mas, em compensação, pode não conduzir a lugar nenhum.

Por isso, se você faz parte do grupo dos que ainda não possuem uma visão interna desenvolvida, deixe o orgulho de lado e enxergue através dos “olhos” dos chamados loucos, pois eles são, na verdade, sábios. Como foram sábios os grandes profetas bíblicos, os quais sempre viram muito além da maioria. Mire-se no exemplo de humildade das tribos indígenas, as quais se permitem ser orientadas por pajés e caciques, que são escolhidos exatamente por possuírem uma visão amplificada. E dê um VIVA à sábia loucura.

UM VIVA À LOUCURA

Que bom seria se pelo menos um terço do mundo
se transformasse em um hospício.
um hospício repleto de loucos excêntricos,
diferentes de todos os normais,
que seguem em filas como bois em uma boiada,
dispostos a entregar suas vidas como prêmio
em nome da tão propagada normalidade.
Loucos excêntricos como São Francisco de Assis,
que falava com as flores e os animais;
como Buda, que abandonou um palácio
a fim de buscar o sentido da existência;
loucos como Ghandi, que libertou um país
sem utilizar uma só arma.
Que o mundo seja repleto de loucos como Cristo,
que doou a sua vida para nos ensinar o caminho da liberdade:
O TOTAL E VERDADEIRO AMOR.
Que este desejo sirva de consolo,
alento e incentivo,
a todos os grandes e pequenos loucos
que tentam equilibrar o mundo.
E que sirva de alerta a todos os normais,
que, cômoda e covardemente,
entregam o universo nas mãos daqueles que eles próprios chamam de LOUCOS.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)