domingo, 18 de abril de 2010

16. O pavão olha para o rabo para não ver os pés que tem

Antes de ler este capítulo, pense rapidamente em alguns defeitos seus.

Foi difícil, não?

Faça um outro exercício: quando estiver com um grupo de amigos, observe quantas vezes cada um deles utiliza a frase “eu sou”, geralmente exaltando as suas qualidades.

Por que será que isso acontece?

Provavelmente, porque preferimos acreditar que somos perfeitos, a termos que lutar contra nossas próprias imperfeições.

Nós vivemos na superficialidade porque temos medo de dar um mergulho profundo no nosso ser; porque temos medo de nos encontrarmos com nós mesmos e descobrirmos quem somos de verdade, sem máscaras e ilusões, pois assim nos defrontaremos com nossas imperfeições. E como somos comodistas por excelência, preferimos, repito, acreditar que somos perfeitos a termos que lutar contra nossas próprias imperfeições.

Mas, se não fizermos como “o pavão que olha para o rabo para não ver os pés que tem”; se não utilizarmos os nossos pontos positivos para encobrir os negativos, talvez nos encontremos. E só então poderemos nos “orgulhar” das nossas virtudes, nos conformar com nossos limites e, principalmente, lutar para superar nossos defeitos – para vencer a nós mesmos. Esta é a “Grande Luta”, que para ser vencida é preciso que antes tenhamos coragem de tirar a venda dos olhos, pois “o pior cego é aquele que não quer ver”.

Quando as mudanças começam a ocorrer em nossas vidas; quando inicia nossa transformação de sapos em príncipes; quando um grau maior de evolução é vislumbrado pelo nosso ser, corremos o risco de ficarmos encantados com os valores que já conseguimos adquirir e, então, deixarmos de lado os que ainda faltam para que o crescimento interior seja acelerado.

É como encantar-se com uma árvore da floresta e deixar de explorar a beleza das outras.

Não se deve, no entanto, exagerar na dose oposta: passar a olhar os pés, esquecendo-se do rabo, isto é, passar a observar só os defeitos, ignorando as virtudes já incorporadas. O que seria uma atitude de falsa modéstia, de autopunição, que só serve para fazer com que nos sintamos incapazes de sermos vencedores.

Ser verdadeiro é olhar com clareza e coragem,
tanto para o que se tem de belo,
como para o que se tem de feio.
As nossas poucas virtudes de hoje servem
para dar-nos forças e confiança;
segurança de que no amanhã seremos só virtude.

Afinal, nós somos deuses.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

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