domingo, 18 de abril de 2010

9. Quando um não quer, dois não brigam

“Eu sou muito boazinha, mas quando pisam no meu calo!”

Nós falamos isso comumente e até com muito orgulho. Agora, imagine que este seja o famoso calo criado por um sapato. Se alguém pisa nele, seja sem intenção ou propositadamente, e você desconta pisando também no calo deste alguém, a dor que seu “adversário” irá sofrer não fará diminuir a sua. Pior ainda, se o outro resolver continuar “descontando”! Ao invés de uma só dor, você vai sentir duas, três até que um dos dois resolva ceder.

Mas se for esperto, você colocará seu pé debaixo da cadeira todas as vezes que encontrar com uma pessoa que gosta de “pisar em seus calos”; que tem um prazer mórbido em machucar os outros. Claro que você deixará de sentir o “doce”, ou melhor, o azedo sabor da vingança, mas desde quando sabor faz passar dor?

Dizem que “a vingança é um prato que se come frio”. Então não deve ser um alimento saboroso.

Se quisermos harmonizar o mundo, é assim que agiremos no nosso dia a dia: ao invés da vingança, o perdão.

As pessoas que nos machucam não merecem que gastemos nossas energias com vingança. O perdão é um sentimento que faz vibrar de forma intensa e equilibrada, não apenas as energias interiores, mas também as exteriores.

A harmonia do mundo não depende dos governos.
Depende de cada um de nós.

Quando nos vingamos “o feitiço vira contra o feiticeiro”. Isto é bem ilustrado nesta estorinha:

“Certa vez, um empresário não satisfeito com o café da manhã servido para ele, saiu bastante irritado. Quando chegou na empresa descarregou tudo no empregado. Este, por sua vez, jogou a sua agressividade na esposa; que com raiva agrediu o cão, chutando-o. O cão saiu correndo e mordeu a primeira pessoa que passou. Coincidentemente, o filho do empresário”.

Se achamos errado as pessoas maltratarem os outros e nós “descontamos”, somos mais errados do que elas, pois estamos conscientes do erro e mesmo assim o cometemos. E não vale dizer: “quem começou foi o outro”, porque se o outro deu início à agressividade, você errou em dar continuidade a ela. Ou será que você ainda vai dizer “dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair dela”? Se você dá um boi para não entrar numa briga, é porque não gosta desta situação. Como então dar uma boiada - como pagar mais caro – para não sair de uma situação que não desejaria estar? Juro que não consigo entender, pois um dia li:

“O mal que me fazem, não me faz mal.
O mal que me faz mal é aquele que eu mesmo faço,
porque me torna um homem mal.”

Obs: Aproveito a oportunidade que um livro me oferece para dar uma justificativa a todos que não conseguem entender quando digo que sou vingativa: uso uma espada, sim! Mas uma espada de cristal! Ela não fere, ela transforma o “adversário”.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

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