domingo, 18 de abril de 2010

7. Deus escreve certo por linhas tortas

“Era uma vez um rei que vivia permanentemente acompanhado por um sacerdote. Todas as vezes que o rei se queixava de algo com o sacerdote, este dizia: tudo o que Deus faz é certo. Um dia, os dois saíram para caçar quando, por acidente, o sacerdote arrancou um dedo do rei com o machado. O rei esbravejou com o sacerdote, mas este logo respondeu: tudo que Deus faz é certo. Mais enraivado ainda, o rei mandou prender o sacerdote. Tranqüilamente, este disse: tudo que Deus faz é certo. Mesmo sem o dedo, o rei retornou às suas caçadas, quando foi atacado por uma tribo de canibais. No momento de ser comido pelos índios, um deles percebeu a falta do dedo e libertou o rei (nesta tribo pessoas mutiladas não serviam como alimento). Só então o rei percebeu o significado das palavras do sacerdote. E agradecido à Providência Divina e ao sacerdote, pois graças a ausência do dedo sua vida foi salva, mandou soltá-lo. O rei já tinha compreendido que tudo que Deus faz é certo, mas uma coisa ainda o intrigava. O rei, então, foi ter com o sacerdote e perguntou:

- Como Deus permitiu que um homem tão bom quanto Vossa Reverendíssima ficasse preso?

- Tudo que Deus faz é certo – respondeu o sacerdote. Se eu não estivesse preso, seria caçado pelos índios junto com Vossa Majestade. Como não sou mutilado, estaria morto neste momento.

Quando algo nos acontece na vida que não está de acordo com os nossos desejos, nos irritamos e até nos revoltamos contra Deus (só falta fazermos “beicinhos” e batermos os pés, malcriadamente, como crianças).

Questionamos a bondade de Deus quando Ele precisa empregar um recurso mais drástico para ensinar a seus filhos. Agora eu pergunto: se nosso filhinho, de cinco anos de idade, vivesse subindo na janela de um apartamento no sexto andar e já tivéssemos dado conselhos, pequenos castigos e ele não tivesse obedecido, qual seria a nossa atitude? Deixaríamos que ele continuasse subindo na janela, caísse e morresse; ou lhe daríamos umas boas “palmadas” para evitar a sua morte?

Nós somos, para Deus, crianças de cinco anos de idade, as quais Ele educa primeiro através de maneiras brandas. Porém, quando não consegue nos conduzir deste jeito, recorre a formas mais drásticas, a fim de nos evitar o pior. Mas nós, pobres mortais, seres limitados, utilizando apenas “dez por cento de nossa cabeça animal”, como podemos traduzir e entender a perfeita letra divina?

Por esta razão, uma grande amiga minha diz que quando morrer, pedirá para frequentar uma escola na dimensão divina, onde possa aprender a ler de cabeça para baixo, na intenção de entender as linhas tortas de Deus. Porém, nós duas chegamos a conclusão de que, enquanto não frequentamos esta “escola”, nosso único recurso é confiar na bondade d’Ele.

Afinal, se nós pais terrestres, humanos e mortais, que não possuímos a bondade e amor divinos, desejamos o melhor para os nossos filhos (e tentamos fazer o melhor por eles), imagine Deus! Ele não apenas tenta! Ele faz! Nós é que, ainda, não possuímos capacidade para compreendê-Lo.



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

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