segunda-feira, 22 de março de 2010

24. Sabedoria quando é demais vira bicho e engole o dono


O homem foi à lua.
fugiu da rua,
da verdade crua.
Queria alcançar o infinito,
esquecer os conflitos,
os aflitos.
O homem está na rua
Perdido na Terra
e no mundo da lua.

O homem está desvendando o universo (e por isso se acha muito esperto), quando ainda não conseguiu desvendar seu universo íntimo.

Buscar o infinito pode ser uma fuga do finito:
uma fuga de si mesmo.

“Certa vez, um filósofo ocidental bastante famoso pelas suas teorias cientificas, tentou, com muito afinco, marcar uma entrevista com um mestre para falar a respeito do Zen Budismo. Quando o esperado dia chegou, o filósofo encontrou o mestre que lhe estendeu uma xícara, a fim de servir-lhe um chá, e esta começou a transbordar, transbordar. Até que o filósofo, não mais suportando aquela situação, perguntou porque o mestre estava fazendo aquilo! E o mestre respondeu: esta xícara está transbordando. É preciso que ela seja esvaziada para que receba chá fresco. Assim também esta você! Transbordando de conhecimentos! Esvazie sua mente de conhecimentos que lhe são inúteis, para que possa adquirir novos.”

O Homem, com sua mente enraizada na suposta verdade cientifica, ignorante da verdadeira “Verdade”, tenta descobrir os mistérios do universo; enquanto tem um universo íntimo, praticamente virgem, a ser explorado. A ciência fez e faz descobertas fantásticas, mas não conseguiu ainda responder às três perguntas básicas: quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

A ciência não é a “Verdade”, apenas parte dela.
Uma parte indispensável,
como qualquer parte que forme um todo.

A “sapiência” do “Homo Sapiens” está destruindo o nosso planeta e, num futuro próximo, o homem poderá se autodestruir, caso não use a sabedoria de forma correta.

Ser “sabido” não é ser sábio.

O “sabido” é aquele que sempre comenta sobre suas espertezas, sem lembrar que “o mal dos sabidos é pensar que os outros são bestas”; O “sabido” é aquele que faz assinatura de determinado tipo de revista, para poder estar por dentro da inflação, corrupção no governo, e assim ser visto como um homem “culto”; que assiste e lê todos os jornais, ficando “expert” em crimes e sequestros. Novelas? Jamais!

O sábio por sua vez, tem consciência que se aprende com tudo e com todos: com o analfabeto e com o homem da ciência; com os jornais e com as novelas. E não faz da inteligência e da cultura o final do caminho. Ele sabe que são apenas degraus de uma escada que nos conduzirá à sabedoria maior: a sabedoria da vida.

“Sábio é aquele que desistiu de enquadrar as pessoas, o mundo e o futuro nas concepções. Sábio é aquele que através de uma harmonia pessoal consegue sentir o seguinte: faço parte e quero cada vez mais integrar-me e adaptar-me a vida que canta e cai, a vida que sofre e festeja em volta de mim; sábio é aquele que desistiu de ser o universo e resolveu apenas viver com o universo.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)


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