quinta-feira, 18 de março de 2010

40. Se conselho fosse bom não seria dado de graça


As boas coisas da vida, as primordiais para a nossa sobrevivência, nos são dadas de graça: o ar, que podemos considerar nosso principal alimento (conseguimos passar trinta dias sem comer, mas não passamos vinte minutos sem respirar?); o sol, que com seu calor não permite que nosso planeta congele, além de matar a maior parte dos vírus e micróbios (se isso não acontecesse a espécie humana não sobreviveria); a água, que mata nossa sede e que irriga o solo, o qual nos fornece alimento. Além destas, muitas outras coisas sobre as quais nem paramos para pensar, nos são dadas de graça.

O conselho também seria algo que poderíamos obter gratuitamente, caso compreendêssemos que sabedoria independe da idade cronológica e do nível cultural que se tenha. Claro que quanto mais velho, mais experiente se é. Não necessariamente mais sábio. Uma pessoa nova pode ser um espírito velho.

Geografia e história se aprende na escola.
Mas vida se aprende na vida.

Porém, como vivemos numa sociedade onde só tem valor o que é “pagável” e caro, o único conselho valorizado agora é o de um psicoterapeuta. Lembro-me que fui dar um curso e como desejava alcançar um maior número de pessoas, cobrei um preço mínimo. Durante o curso, várias pessoas disseram-me que quase não se inscreviam, pois, se o curso era barato, a psicóloga não poderia ser uma boa profissional. Não sabiam estas, que o grande ideal de um psicólogo (nem todos, claro!) é adquirir experiência com algumas pessoas e transmiti-las para outras. Aprendendo e ensinando a grande arte do bem viver.

Às vezes, digo coisas aos meus clientes e eles ficam encantados, pensando que estou usando alguma teoria de Freud, Fritz ou Jung. Na verdade, estou passando uma lição de vida que aprendi com um motorista de transporte coletivo, com minha secretária ou com a minha avó. É claro que os conhecimentos dos grandes mestres são utilizados, e muito, num consultório psicoterápico. Mas a “Verdade” nunca está em um só lugar. E por ver o conhecimento dessa forma é que uso historinhas e músicas infantis com clientes adultos, o que os deixa, a princípio, espantados.

O psicoterapeuta é apenas uma pessoa que tem quase como única função analisar a vida. Por isso, apenas por isso, torna-se mais capacitado para falar sobre ela. Mas os conselhos precisam ser recebidos (e muito bem recebidos), venham de onde vier, cheguem como chegar. Porém, não é ideal segui-los à risca, sem que haja uma prévia avaliação por parte de quem o recebe. Só a própria pessoa pode e deve definir o que é melhor para si.

Tudo que fiz, até agora, foi dar conselhos. Que eles sejam analisados e utilizados, da forma que parecer mais conveniente para você. Pois, “sua cabeça é seu mestre”.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)


2 comentários: