quinta-feira, 18 de março de 2010

36. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento


Não posso nem lembrar-me o quanto penei, quantas surras precisei levar do “Pai Universo” até conseguir aprender esta lição. Isto porque era muito difícil para mim perceber que existem pessoas que se orientam pelo mal. Mesmo sabendo que cada criatura traz no mais íntimo do seu ser as forças do bem e do mal (e que estas devem ser usadas, respectivamente, na construção e destruição, a fim de manter o universo em harmonia), recusava-me a acreditar que algumas delas atuam, quase que de forma integral, através da energia do mal. E o pior de tudo, é que não agem assim com a intenção de contribuir para a harmonia do universo, mas sim com intuitos egoísticos, onde “apenas” um ser deverá ter lucros: ele mesmo.

Eu comparo estas pessoas com whisky falsificado: usam embalagem sofisticada, a fim de esconderem um conteúdo de péssima qualidade. Embriagam e até hipnotizam os consumidores ao ponto de fazer com que eles percam o raciocínio e a capacidade de análise. E o pior, não conseguem se quer culpar o whisky pelo estado de embriaguês, encontram sempre um outro algoz. Por exemplo, a “azeitona da empadinha”.

Exatamente como whisky falsificado são estas pessoas: se enfeitam, fazem caras e bocas, criam assim em torno de si uma falsa luminosidade que nos embriaga, a fim de não permitir que vejamos o mundo de trevas que habita o interior delas. É como diz o povo: “as aparências enganam” e “quem vê cara não vê coração”.

Foi por ter sofrido tanto por não acreditar que existem criaturas que não querem, ou talvez não saibam ainda, colaborar para a harmonia do universo, que aprendi – quando conheço um novo alguém – a enxergar além das aparências. É olhando nos seus olhos que conheço sua alma. Afinal, “os olhos são os espelhos da alma” e refletem tudo o que existe nos corações dos Homens.

Aprendi a acreditar, ou melhor, fui o obrigada a aceitar, que as pessoas agem dessa forma não por maldade, mas sim por instinto. Porém, aprendi que não cabe a mim transformá-las e sim a elas próprias. E enquanto isso não acontece, o melhor que faço é ficar afastada delas, do mesmo jeito que recuo diante de uma bebida ou até mesmo de um perfume falsificado.

Protejo-me para assim poder proteger aqueles que realmente necessitam e pedem ajuda. Protejo-me para poder ajudar as pessoas que realmente desejam mudar.




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