quinta-feira, 18 de março de 2010

38. O que vem de baixo não me atinge


Quando eu era criança e alguém me dizia algum desaforo, imediatamente eu respondia: “o que vem de baixo não me atinge”. Alguns colegas, no entanto, tão desaforados quanto eu, retrucavam: “então, sente em cima de um formigueiro e verá”. O que eles não entendiam era que aquele ditado, provavelmente, queria referir-se à alma, e não ao corpo físico.

Porém, ainda criança percebi que aquela frase tinha um significado muito maior que apenas o de dar uma resposta desaforada a alguém que nos ofendia. Ela era um ensinamento que a vida nos dava e sobre o qual, um dia, eu pretendia ter maiores explicações.

Mais tarde, refletindo sobre esse dito popular, que tanto utilizei na infância, pude perceber que em nosso planeta as pessoas se encontram em diferentes degraus da “escada evolutiva”. Umas se encontram bem abaixo de nós, algumas ao nosso lado, enquanto outras estão acima. Os seres que se localizam acima, dificilmente se darão ao “desfrute” de atirar pedras para baixo, pois tem assuntos mais sérios para tratar. As pessoas que se encontram ao nosso lado evitam nos machucar, pois sofrem dores semelhantes. Já as pedras que nos são jogadas de baixo para cima, vem com pouca força e fica difícil de nos atingir. Afinal, a “Lei de Gravidade” faz com que as pedras retornem ao seu lugar de origem, correndo até o risco de baterem na cabeça do atirador.

“O feitiço vira contra o feiticeiro.”

Aprendi, pois, que as pessoas existentes em nosso planeta encontram-se em estágios de alma bastantes diversificados e que esse fato é o grande causador da desarmonia entre os seres humanos. Porém, essa desarmonia só ocorre porque esse “pequeno detalhe” parece ter sido apagado da memória da humanidade.

As pessoas resistem a acreditar na hipótese de que existem seres mais e menos evoluídos do que elas, às vezes por medo de se sentirem vaidosas ou prepotentes. Eu mesma, durante muito tempo, assim me senti. Eu questionava porque o Criador faria seres mais evoluídos do que outros. Até que um dia, que considero um dos grandes dias da minha vida, lembrei-me da conversa que tive com a amiga sobre a qual comentei anteriormente. Lembrança que muito me aliviou e ajudou para que eu convivesse melhor com os meus semelhantes: os diversos estágios de alma existentes na Terra seriam decorrentes da idade que essas almas possuem. Algumas almas, portanto, são mais sábias apenas porque são mais velhas.

Pensando assim, quando alguém é ofensivo, injusto ou faz algo que percebo que vai de encontro à harmonia planetária, ou à minha própria harmonia, logo identifico ali uma alma criança, que como qualquer criança precisa de compreensão e orientação.

Foi para mim, portanto, uma grande benção compreender dessa forma esse ensinamento popular. Pois, através dele posso transmutar o sentimento de raiva em sentimento de compreensão e amor pelos meus semelhantes. Assim como também experimento uma maior sensação de proteção, uma vez que os seres que possuem almas mais velhas do que a minha, com certeza, saberão entender as minhas falhas.



3 comentários:

  1. Profundo, que bom que vc entendeu desta forma e, melhor ainda que vc tenha compartilhado isto. Acredito que agora vou encarar esta realidade com mais maturidade. Que Deus o abençoe. att. LCC

    ResponderExcluir
  2. ..Vamos nessa, usaremos a sabedoria em sintonia com a maturidade...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nessa lógica da bondade da vida, atravesseis pântanos de dificuldade,onde a força interior faz ver as oportunidades de avançar, e só escolher o caminho. @baemirg

      Excluir