segunda-feira, 22 de março de 2010

20. Boca fechada não entra mosca


Se observarmos bem, veremos que quatro dos nossos órgãos dos sentidos permanecem ativos o tempo que desejarmos: os olhos se mantêm abertos com a possibilidade de serem fechados; assim também são nossos ouvidos, nariz e pele que podemos tapá-los ou cobri-la, quando não desejamos utilizá-los. Perceba a palavra podemos, porque estes quatros órgãos foram feitos para ficarem ativos. No entanto, com a língua, um outro órgão do sentido, acontece o inverso: ela fica “guardadinha” na boca, devendo ser usada quando necessário, para saborearmos os alimentos ou para falarmos.

Mas será que é isso que fazemos? Parece que não! Nós falamos muito mais do que vemos, ouvimos, cheiramos e sentimos. Sendo assim, utilizamos muito mais um órgão – a língua, do que os outros quatro juntos. E o pior, aquele que deveria ser menos utilizado!

Observe, neste exato momento, se seus olhos, nariz, ouvidos e pele não estão “abertos”, enquanto sua boca está fechada? É esta a correta posição dos cinco órgãos do sentido.

“O mal não é o que entra na boca do homem, é o que sai dela.”

O mal é quando utilizamos um órgão tão precioso quanto a língua, para maledicências, injúrias, injustiças e “fofocas”, por mais “inocentes” que pareçam ser.

A vida dos outros não nos pertence.
Não é porque falam da gente, que devemos ou podemos
falar dos outros.

“Os erros dos outros não justificam os nossos.”

Quatro coisas são fundamentais para que nos tornemos mais sábios: saber, ouvir, ousar e calar. Calar é a última, por ser a mais difícil.

Calar é realmente difícil, mas não impossível!
Tente! Você conseguirá manter a língua
no lugar que lhe é devido:
dentro da boca!

O hemisfério esquerdo do cérebro é responsável pela palavra: falar, ouvir, etc. O direito pela percepção, musicalidade. Caso, em uma experiência, o cérebro direito sela anulado, a pessoa fala como um robô - sem musicalidade. Não transmitindo, assim, os sentimentos. O que demonstra que se você falar muito, ativa o lado esquerdo do cérebro, deixando o direito pouco ativo - com pouca percepção.

Portanto, se você quer perceber mais coisas,
fale menos e sinta mais!

“A palavra é de prata e o silêncio é de ouro.”



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

21. Os cães ladram e a caravana pass


Amo as historinhas que me são contadas pelos meus clientes e amigos. Amo em especial as que estão contidas neste livro. Esta que agora vou relatar, por exemplo, reflete muito bem este dito popular:

“Um velho, uma criança e um jegue estavam viajando. A criança ia montada no jegue quando passaram por um grupo de pessoas que comentaram: Que absurdo, a criança que é jovem vai montada, enquanto o velho vai andando! O velho, ao ouvir aquilo, tirou a criança e montou no animal. Quando passou por outro grupo de pessoas, estas comentaram: Que velho mau, deixa a pobre criança andando e vai montado! Escutando estas palavras o velho desmontou e seguiu andando junto com a criança. Agora o povo comenta: Que velho burro, com um animal e os dois vão andando! Tentando satisfazer a vontade popular os dois montaram no jegue: Isso é um crime, duas pessoas montadas no pobre animal! Já enlouquecido, sem saber como agradar ao povo, o velho carrega o jegue nas costas. E as pessoas, com ar de crítica e satisfação, saem dizendo: Este homem deve ser louco!

E era mesmo! Não por carregar o animal nas costas, mas por querer agradar a todos, o que é humanamente impossível. É como querer segurar uma estrela com as mãos; por ser impossível se torna um ato de loucura.

Você já deu um corte novo nos cabelos e com certeza já ouviu: “Onde cortou? Ficou lindo!” Assim como: “Por que fez isso?! Você tinha cabelos tão bonitos.”

Como não pode agradar a todo mundo, agrade a você mesmo.

Só estando feliz, você conseguirá fazer os outros felizes.

Os cães ladram – as pessoas comentam –,
mas a caravana passa.
Sua vida caminha e segue sempre em frente.

“O profeta pediu a Deus:
– Deus, proteja-me apenas de uma coisa:
da língua dos caluniadores.
Ao que Deus respondeu:
– Meu filho, você quer ser melhor do que eu?”

Você nunca poderá controlar o que as pessoas sentem, pensam e dizem a seu respeito. Portanto, se algum comentário maldoso surgir sobre você, lembre-se: “os cães ladram e a caravana passa”.

Se cristo foi criticado, morto e crucificado, imagine nós! Façamos como Ele que disse: “Perdoa pai, porque eles não sabem o que fazem”.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

22. Depois da tempestade vem a bonança


E depois da bonança vem a tempestade.

A vida é cíclica: a maré enche, vaza e enche de novo. O sol acorda, adormece e acorda de novo, temos o dia, a noite, o dia. Assim também são as fases da nossa vida: fases boas, ruins e boas de novo. Então, por que nos desesperarmos quando estamos com problemas, se sabemos que cedo ou tarde, de uma forma ou de outra, eles serão resolvidos?

Somos pessimistas ou otimistas em excesso. Pensamos que a fase ruim nunca acabará; ou, quando estamos bem, pensamos que nunca mais teremos problemas.

Enxergar que na vida temos problemas
– que passamos por dificuldades –
não é pessimismo, é realismo.

Pessimista é aquela pessoa que durante a semana passa quatro dias neutros (onde não acontece nada de bom, nem de ruim); dois dias bons e um ruim. Porém, um único dia ruim é o suficiente para que diga: “tive uma semana de cão”.


Eu costumo desenhar um pequeno ponto no centro de uma cartolina branca e pergunto o que as pessoas estão vendo ali. Até hoje só uma pessoa respondeu: “Um papel branco com um pequeno ponto preto”. Normalmente dizem: “Um ponto preto”. É que as pessoas tendem a ver apenas os pontos pretos do momento que estão vivendo. Mesmo a parte branca sendo bem maior; vêem apenas os problemas existentes naquela fase, deixando de enxergar o que de bom está acontecendo ou o que de ruim está deixando de acontecer. A situação financeira, por exemplo, pode estar difícil, mas você e sua família estão saudáveis, seus amigos estão bem com você e na sua profissão tudo corre tranquilamente.

Não devemos diagnosticar um período inteiro em virtude de um único problema. E que muitas vezes não é nem um problema, é apenas uma dificuldade comum de vida. Ficar doente, ter dificuldades financeiras, ter problemas de relacionamento, faz parte do “show da vida”. São as provas nas quais precisamos ser aprovados na escola que é o planeta Terra.

Nenhuma dificuldade, assim como nenhuma tempestade dura “todo o sempre”. E para que passe o mais rápido possível, aprenda a “jogo de contente”, ensinado pelo famoso livro “Pollyana”, onde para cada coisa ruim que está acontecendo conosco, lembramos de várias coisas boas que também estão ocorrendo e das ruins que não estão nos atingindo.

“Não há mal que sempre dure,
nem bem que nunca acabe.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

23. O que não tem remédio, remediado está


“Senhor:
Dá-me serenidade para
aceitar as coisas que não
podem ser mudadas.
Coragem para mudar as que posso.
E discernimento para distinguir
umas das outras.”

Não existem problemas, só soluções!

Isso quando compreendemos que determinadas coisas devem apenas serem aceitas, pois a resolução não está em nossas mãos. Está na de outrem ou na de uma inteligência muito superior, como a de Deus.

A única solução para alguns problemas é aceitá-los.

Com isso, não estou querendo dizer que devemos deixar os problemas ao sabor dos ventos; ou entregá-los nas mãos de Deus. Afinal, diz a Bíblia: “Fazei sua parte que Eu lhe ajudarei”.

O difícil é distinguir o que pode e o que não pode ser mudado.

Eu uso e ensino aos meus clientes o seguinte método: se para mudar uma situação, você já tentou um caminho e não deu certo. Tentou outro, também não solucionou o problema. Tente, enquanto tiver caminhos. Porém, se estes cessarem – se já não existir nenhuma nova idéia – cesse também as tentativas, senão ficará “malhando em ferro frio”.

Assim, para os tipos de problemas acima citados a solução é a aceitação. Pode não ser a desejada, mas nem por isso deixa de ser uma solução.

Somos ainda crianças mimadas que batemos os pés e dizemos: “eu quelo, eu quelo, eu quelo”. Esquecendo-nos que as coisas não são como queremos e sim como podem e devem ser.

As pessoas comumente dizem: “eu não aceito”, “eu não admito”. Por isso, meu filho, na época com seis anos, permitiu que sua alma milenar expressasse: “minha mãe, ensine para minha avó que na vida a gente não tem que admitir, nem desadimitir nada. A vida é o que é, as pessoas são o que é”.

Quando entendemos que “o que não tem remédio, remediado está”, é porque estamos começando a aprender ou já aprendemos um valor sublime – a resignação.

Um ser resignado não é um ser acomodado.
É apenas alguém sábio o suficiente
para compreender as limitações humanas.

Um ser resignado é um ser adaptado à realidade.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

24. Sabedoria quando é demais vira bicho e engole o dono


O homem foi à lua.
fugiu da rua,
da verdade crua.
Queria alcançar o infinito,
esquecer os conflitos,
os aflitos.
O homem está na rua
Perdido na Terra
e no mundo da lua.

O homem está desvendando o universo (e por isso se acha muito esperto), quando ainda não conseguiu desvendar seu universo íntimo.

Buscar o infinito pode ser uma fuga do finito:
uma fuga de si mesmo.

“Certa vez, um filósofo ocidental bastante famoso pelas suas teorias cientificas, tentou, com muito afinco, marcar uma entrevista com um mestre para falar a respeito do Zen Budismo. Quando o esperado dia chegou, o filósofo encontrou o mestre que lhe estendeu uma xícara, a fim de servir-lhe um chá, e esta começou a transbordar, transbordar. Até que o filósofo, não mais suportando aquela situação, perguntou porque o mestre estava fazendo aquilo! E o mestre respondeu: esta xícara está transbordando. É preciso que ela seja esvaziada para que receba chá fresco. Assim também esta você! Transbordando de conhecimentos! Esvazie sua mente de conhecimentos que lhe são inúteis, para que possa adquirir novos.”

O Homem, com sua mente enraizada na suposta verdade cientifica, ignorante da verdadeira “Verdade”, tenta descobrir os mistérios do universo; enquanto tem um universo íntimo, praticamente virgem, a ser explorado. A ciência fez e faz descobertas fantásticas, mas não conseguiu ainda responder às três perguntas básicas: quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

A ciência não é a “Verdade”, apenas parte dela.
Uma parte indispensável,
como qualquer parte que forme um todo.

A “sapiência” do “Homo Sapiens” está destruindo o nosso planeta e, num futuro próximo, o homem poderá se autodestruir, caso não use a sabedoria de forma correta.

Ser “sabido” não é ser sábio.

O “sabido” é aquele que sempre comenta sobre suas espertezas, sem lembrar que “o mal dos sabidos é pensar que os outros são bestas”; O “sabido” é aquele que faz assinatura de determinado tipo de revista, para poder estar por dentro da inflação, corrupção no governo, e assim ser visto como um homem “culto”; que assiste e lê todos os jornais, ficando “expert” em crimes e sequestros. Novelas? Jamais!

O sábio por sua vez, tem consciência que se aprende com tudo e com todos: com o analfabeto e com o homem da ciência; com os jornais e com as novelas. E não faz da inteligência e da cultura o final do caminho. Ele sabe que são apenas degraus de uma escada que nos conduzirá à sabedoria maior: a sabedoria da vida.

“Sábio é aquele que desistiu de enquadrar as pessoas, o mundo e o futuro nas concepções. Sábio é aquele que através de uma harmonia pessoal consegue sentir o seguinte: faço parte e quero cada vez mais integrar-me e adaptar-me a vida que canta e cai, a vida que sofre e festeja em volta de mim; sábio é aquele que desistiu de ser o universo e resolveu apenas viver com o universo.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)


sexta-feira, 19 de março de 2010














25. Em terra de cego, quem tem um olho é rei


Ou talvez, em terra de cego quem tem um olho é LOUCO! Afinal, quem possuir um olho enxergará, nesta terra, coisas que o restante da população não terá condições de ver. Como se vê, aquele que possuir um olho, numa terra povoada por pessoas impossibilitadas de enxergar, poderá ser considerado um rei ou um louco, a depender da sabedoria e humildade desta população.

Caso esta população, mesmo sem o “poder da visão”, consiga enxergar com a sabedoria da alma, poderá entender que aquele ser “anormal”, isto é, fora dos padrões normais, enxerga uma “realidade” impossível de ser captada por todos, ou mesmo pela maioria. Uma realidade que vai além do real, parecendo surgir da imaginação daquele ser, uma vez que é vivenciada apenas por ele. Se assim for visto, este homem será considerado um rei, um mestre, um guia que orientará o povo pelos caminhos ainda obscuros. Mas, infelizmente, não é isso que acontece entre nós!

Por prepotência, ignorância e cegueira interior, os membros das sociedades modernas, consideram os indivíduos possuidores de capacidades que vão além das normais, como verdadeiros loucos (e não como sábios). Perdendo, assim, os valiosos ensinamentos que estas pessoas são capazes de transmitir. Ensinamentos que foram tirados do grande livro do universo. O pior é que de tanto serem vistas como loucas, estas pessoas terminam por assumir este posto. Parece que é mas fácil se curvar à pressão social, do que ir contra ela.

O caminho curto pode ser o mais fácil.
Mas, em compensação, pode não conduzir a lugar nenhum.

Por isso, se você faz parte do grupo dos que ainda não possuem uma visão interna desenvolvida, deixe o orgulho de lado e enxergue através dos “olhos” dos chamados loucos, pois eles são, na verdade, sábios. Como foram sábios os grandes profetas bíblicos, os quais sempre viram muito além da maioria. Mire-se no exemplo de humildade das tribos indígenas, as quais se permitem ser orientadas por pajés e caciques, que são escolhidos exatamente por possuírem uma visão amplificada. E dê um VIVA à sábia loucura.

UM VIVA À LOUCURA

Que bom seria se pelo menos um terço do mundo
se transformasse em um hospício.
um hospício repleto de loucos excêntricos,
diferentes de todos os normais,
que seguem em filas como bois em uma boiada,
dispostos a entregar suas vidas como prêmio
em nome da tão propagada normalidade.
Loucos excêntricos como São Francisco de Assis,
que falava com as flores e os animais;
como Buda, que abandonou um palácio
a fim de buscar o sentido da existência;
loucos como Ghandi, que libertou um país
sem utilizar uma só arma.
Que o mundo seja repleto de loucos como Cristo,
que doou a sua vida para nos ensinar o caminho da liberdade:
O TOTAL E VERDADEIRO AMOR.
Que este desejo sirva de consolo,
alento e incentivo,
a todos os grandes e pequenos loucos
que tentam equilibrar o mundo.
E que sirva de alerta a todos os normais,
que, cômoda e covardemente,
entregam o universo nas mãos daqueles que eles próprios chamam de LOUCOS.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)
















26. Não é porque um caranguejo morre que o mangue todo se põe de luto


A morte do corpo físico é a maior certeza que temos na vida. No entanto, encará-la, aceitá-la e tecer comentários sobre ela é sempre algo doloroso e difícil (até para as pessoas espiritualistas ou mesmo para aquelas que são consideradas mais espiritualizadas). Porém, não é por ser doloroso falar sobre a morte que se deixará de comentar o assunto. Até porque a sabedoria popular nos ensina a refletir sobre o tema de maneira muito suave. Utilizando-se de provérbios que demonstram o quanto somos infantis em fazer drama sobre a morte.

Contudo, seria ainda mais infantil, ou mesmo pretensioso de nossa parte, dizermos que este fato não nos causa nenhuma dor, que “a morte não pode ser considerada uma perda, uma vez que só perdemos o que é nosso - o que temos como propriedade”, e que “um ser vivo não é propriedade de ninguém, que ele pertence ao universo”. Isto é muito bonito na teoria! Não na prática!

A morte nos causa uma dor, sim! A “dor da ausência”, ou melhor, a dor da presença em nosso coração, quase que constante, de alguém cujo corpo não podemos mais tocar. Todavia, seja qual for o tipo de dor que a “Rainha da Foice” – “A Dama de Branco” – nos causa, ela é um fato. E, como todo fato real, precisa ser encarado de frente!

A morte é um remédio amargo que somos obrigados a engolir. E não adianta fazermos “caretas”, nem “birra” de criança. Ela acontecerá independente da vontade humana! Porém, o povo nos consola dizendo que os remédios mais eficazes são aqueles que “descem travando pela garganta”. O que nos indica que a morte pode ser uma das “drogas” (o termo droga está sendo usado aqui como sinônimo de remédio) que o “Universo” nos oferece, a fim de que curemos os males do físico e da alma, através de uma transformação.

A transformação do ser talvez seja
o verdadeiro sentido da morte.
Afinal, “no universo nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma”.

Ouvi a frase anteriormente citada, pela primeira vez, dias depois de ter “perdido” o meu avô. Percebi imediatamente que eu não o tinha perdido. Ele, provavelmente, estava apenas passando por uma transformação. Pois, assim como a fruta morre para que as suas sementes se transformem em algo maior – uma outra árvore –, meu avô teria morrido para dar continuidade ao seu processo de transformação e consequente crescimento.

Meu primeiro aprendizado sobre a morte me foi, então, transmitido através de uma frase científica: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O segundo, no entanto, adveio de um provérbio popular: “Não é porque um caranguejo morre que o mangue todo se põe de luto”.

Estávamos todos bastantes abalados com a morte súbita do grupo musical “Mamonas Assassinas” (grupo que tinha uma forma toda própria e especial de transmitir alegria), quando alguém disse o ditado acima. Todos ficaram revoltados com a forma despreziva que o sentimento coletivo de dor tinha sido tratado. Porém, a “sábia” pessoa fez questão de explicar-se, dizendo: “Não é porque uma pessoa cai que todos devem atirar-se no chão. Ao contrário, as pessoas devem ficar em pé para poder levantar quem está caído. Assim, não é porque alguém morre que devemos partir junto com este alguém. Devemos, sim, tentar guardar as lições que ele nos passou em vida. E a maior lição que os Mamonas nos deixou foi a alegria. Por que então nos entregaremos à tristeza?”.

Foi seguindo essa filosofia de vida que quando minha avó morreu (apesar de toda a saudade), ao invés de “curtir” e alimentar tristezas insolúveis, preferi alimentar o meu corpo que ela cuidou durante tanto tempo e com tanto carinho: fui para o fogão e preparei um prato que ela me tinha ensinado quando eu ainda era uma criança. Procurei, com este gesto, demonstrar que a sua estadia aqui na Terra não tinha sido em vão. O doce que fiz simbolizava tudo o que ela me ensinou, inclusive as sábias lições de vida transmitidas através dos ditados populares. Como é o caso de um que diz: “todo mundo é bom mais meu capote sumiu”. Apesar de tê-lo ouvido aos treze anos, precisei transformar-me em mulher, precisei deixar de ser “exageradamente” sonhadora (porque, sonhadora, nunca deixarei de ser), para poder compreendê-lo. Pois os ensinamentos do povo nunca envelhecem. Nós é que somos, muitas vezes, imaturos para captarmos as suas lições.

























28. Todo mundo é bom, mas meu capote sumiu


Como falei anteriormente, esta foi uma das mensagens que me foi muito difícil captar o significado. Na verdade, eu não queria entendê-la, pois teria que pagar um alto preço – perder a minha inocência – pela compreensão deste dito popular. Eu teria que deixar de ver o Homem como um ser coberto apenas por luzes e enxergar nele também o seu lado de trevas (os defeitos inerentes da natureza humana que todos tentam encobrir, mas que são como “gato escondidos com rabo de fora”).

Aprendi, então, que a Terra não é o paraíso no qual sempre sonhei viver. E que os habitantes deste planeta não são os anjos que eu via em meus sonhos. Porém, depois de muito sofrer com a constatação desta realidade, aprendi uma coisa que me valeu por todos o meus aprendizados de até então. Aprendi a amar o planeta Terra e os seus habitantes, não da forma que eu desejava que fossem, e sim, da forma como realmente eles são.

Isso aconteceu quando eu já estava com 34 anos e vivi urna experiência que me fez escrever o seguinte conto:

UM CONTO DO MAR - UM ENCANTO DE IEMANJÁ

Mais uma vez eu estava triste, como sempre estive desde criança, por ver os espinhos – as flechadas – que os seres humanos atiram um nos outros. E que se pelo menos fossem flechas de amor! Flechas de Cupido! Mas não, são flechas que contêm em suas pontas venenos altamente destrutivos.

No entanto, apesar de toda tristeza, eu não mais pensei que não suportaria viver no planeta Terra. Pois, aos 34 anos, já sabia que não se morre de tristeza. Pelo menos não quando se tem tanta esperança no coração. Esperança de um dia viver num mundo repleto de pessoas amadurecidas e amorosas.

Resolvi então caminhar um pouco pela praia. Foi quando encontrei morto um ouriço: um molusco que possui um casco coberto de espinhos. Ao ver aquele molusco morto, eu voltei a sonhar com o desaparecimento de todo e qualquer tipo de agressividade. E resolvi fazer dele um amuleto: tiraria todos os seus espinhos e pediria a Iemanjá – Deusa do Mar – que se não conseguisse tirar todos os espinhos do mundo, que pelo menos não permitisse que eles me atingissem.

Encostei-me num barco para preparar meu amuleto, quando ouvi uns gritos vindo em minha direção: era o dono do barco que se aproximava agressivamente. Foi uma prova para a minha fé! Porém, em nenhum momento deixei de acreditar que lemanjá ali estava presente, protegendo-me de alguma forma que até então eu não entendia.

Quando “Seu Pombo”, este era o nome do meu inimigo-amigo, se aproximou de mim, eu curvei um pouco o meu corpo e me desculpei. As minhas palavras tiveram um efeito mágico! Lentamente, aquele homem foi acalmando a voz, terminando por desculpar-se; convidando-me, inclusive, para passear no seu barco e até hospedar-me em sua casa.

Compreendi que eu tinha realizado um feitiço: um feitiço de amor! Um feitiço de amor, humildade e compreensão pelo ser humano. lemanjá estava ensinando-me que o amor seria o escudo que me protegeria de todas as flechas envenenadas.

Eu tinha acabado de ganhar um presente. Um presente do mar! Um presente de lemanjá!






















29. O pior cego é aquele que não quer ver


A humanidade, geralmente, despreza os ensinamentos que não são provenientes das camadas da sociedade consideradas científicas. No entanto, os mitos, símbolos, provérbios e contos de fada, isto é, os ensinamentos populares existem há muito mais tempo que as teorias científicas. Eles surgem do nada, como se fossem presentes caídos do céu. E como eu não sou boba de recusar presentes, muito menos os que me são dados pelo “Universo”, sempre procurei prestar uma especial atenção em todos eles, na tentativa de absorver o que de melhor estes presentes tinham para me transmitir. Eu tinha certeza que isso me ajudaria a caminhar pela vida em total acordo com as Leis Universais.

Foi agindo assim que refleti sobre o ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver” e o relacionei com uma história infantil que leio no meu consultório para os meus clientes, sejam eles crianças ou adultos. Ela se chama “A EMA SERIEMA” e conta a vida de uma seriema que ao ver que os caçadores vinham aproximando-se dela para matá-la, ao invés de enfrentar o problema e correr, preferiu esconder a cabeça na terra, como fazem suas “primas” avestruzes. Pensava ela que o fato de não enxergar os caçadores, isto é, de não ver o problema, faria com que ele deixasse de existir. Por sorte, o ingênuo animal tinha o sábio coelho como amigo e este, rapidamente, passou-lhe a mensagem de que é preciso encarar os problemas de frente e que cada ser deve descobrir os seus próprios mecanismos para enfrentá-los. Foi a salvação da Ema Seriema que, possuindo longas pernas, pôs-se logo a correr.

De nada adianta “tapar o sol com a peneira”: seus raios ultrapassarão as frestas da peneira e nos atingirão de qualquer jeito (falar isso me faz lembrar aquelas mulheres que se protegem dos raios solares utilizando-se de um chapéu cheio de furinhos — saem da praia vermelhas feito pimentões!). Melhor é procurar aprender formas corretas de enfrentar o sol. O mesmo acontece quando vivenciamos os problemas do dia a dia: escondê-los não é a melhor solução. Eles se acumulam e se transformam numa imensa “bola de neve”.

Necessário se faz, portanto, que encaremos os problemas e o enfrentemos na medida que eles vão surgindo, sem permitir que nenhuma espécie de medo nos intimide. Pois, as dificuldades que nos surgem não são monstros; são apenas pedras colocadas no nosso caminho. Ou melhor, são diamantes que tem como objetivo enriquecer a nossa vida interior.

A pior cegueira não é a dos olhos: é a da mente!

Mas refletir não apenas dá medo, dá principalmente trabalho! E nós só nos esforçamos para sermos atletas físicos (isto quem não é preguiçoso). Não nos esforçamos para sermos atletas mentais! Por isso, a vida nos obriga a exercitarmos a nossa mente através dos problemas que nos vemos obrigados a solucionar a cada dia (parece que viver é a arte de solucionar problemas).

É, “o que não vai por bem, vai por mal”.



quinta-feira, 18 de março de 2010

30. Quem ama o feio bonito lhe parece


“Dizem que a coruja tinha tido filhotes, numa época em que a sua comadre onça estava muito esfomeada e comia todos os animaizinhos que apareciam na floresta. Mas, como a onça e a coruja eram comadres e muito amigas, fizeram um acordo: a onça não comeria as corujinhas. No entanto, a onça tinha uma preocupação e perguntou: — “Comadre, como poderei reconhecer os seus filhotes”? Ao que a coruja imediatamente respondeu (sem perceber na sua resposta nenhum grave problema): — “Ah, amiga coruja, é fácil! Quando você encontrar os mais lindos filhotes da floresta não os devore, pois eles são os meus bebês”.

Assim, tudo pareceu realmente resolvido e a onça seguiu o seu caminho atrás de suas caças. Encontrando uns filhotes simplesmente horrorosos, o feroz animal logo decidiu comê-los, pois estava consciente que aqueles não eram os “lindos” filhos de sua comadre. Porém, qual não foi a sua surpresa ao receber a visita da coruja, que estava revoltada com o fato da onça ter descumprido o acordo.

Surpresa, a onça exclamou: — “Eu não comi os seus filhos! Devorei umas corujinhas horrorosas, que não lembrava em nada os bebês que você me descreveu!”

É por esta razão que algumas mães (ou melhor, quase todas as mães) são chamadas de “mães corujas”. Pois, por amarem profundamente seus filhos os enxergam como os seres mais lindos do mundo .

“Não existem pessoas feias, e sim, pessoas mal amadas.”

Além da capacidade de amar profundamente (conseguindo ver o belo através do feio), a coruja, este maravilhoso animal, que é tão mal compreendido por todos, chegando até a ser considerado um animal agourento, possui ainda outras grandiosas qualidades:

– Seu pescoço dá um giro de 180 graus, simbolizando que ele enxerga a vida por vários ângulos. Ensina-nos, assim, a termos uma visão ampla sobre todos os pontos da nossa existência. Evitando, principalmente. que criemos o terrível hábito do preconceito: que nada mais é do que um conceito formado sobre algo ou alguém, analisando-se apenas uma parte do todo; é um conceito formado antes que se leve em conta a questão de forma global, isto é, todas as suas causas ou características.

– A coruja também é um animal que possui a capacidade de enxergar no escuro. E se adquirirmos este poder, estaremos aptos a ver o lado escuro do nosso ser: o inconsciente. E, assim, entraremos em contato não apenas com as causas dos traumas, como também com os dons inatos, que ficam salvaguardados no interior do homem.

A coruja é um dos animais que não se enquadra em um padrão de beleza. Mas, como ela mesma nos ensina que a beleza de alguém depende do grau de amor e de admiração que possuímos por este alguém, eu acho a coruja um ser belíssimo. Pois a sua sabedoria me encanta!

Para quem ama um gambá, com certeza ele é o bicho mais cheiroso do mundo, já que “para quem ama, catinga é cheiro”.



31. Se minha mãe tivesse duas fieiras de peito, seria uma porca


Professor Antônio Pedreira, me disse certa vez que a pessoa só deve arrepender-se daquilo que não faz, para que não passe o resto da vida lamentando-se: “Ah, se eu tivesse feito”!

Se...se...se... é uma constante em nossas vidas. Mas a vida é um eterno risco. Não arriscamos e depois lamentamos. Quando meu filho quer pedir algo ao pai e prefere desistir do pedido, por considerá-lo difícil de ser atendido, digo-lhe que tente sempre! Pois pedindo terá alguma chance de conseguir; ou do contrário já pode considerar o caso como perdido. A única coisa que pode acontecer de ruim é receber um não. Mas se não tentar, a negativa já foi dita sem ser dita, já que ficaria sem conseguir mesmo o que queria. E o famoso se permaneceria na mente: “e se eu tivesse pedido”?

A dúvida desgasta o ser humano. Parece que, energeticamente, “é melhor uma certeza ruim do que uma dúvida”. Pois lidar com fatos concretos é melhor que lidar com fantasmas. Mesmo que sua tentativa não lhe renda bons frutos, servirá ainda para que possa trabalhar em si o sentimento nobre da resignação. Lembre-se: “Quem não arrisca não petisca”.

Se eu ganhasse mais, se meu chefe fosse mais calmo, se eu tirasse na loteria, se eu perdesse dois quilos, se...se...se... Se fosse, mas não é!

Aprenda a lidar com a vida como ela é.
E não como você gostaria que ela fosse. fosse.

“Se não fosse o se, eu colocaria Paris
dentro de uma garrafa.”



32. A mão que afaga é a mesma que apedreja


A rosa não é constituída apenas por pétalas. Ela tem também os espinhos, que são utilizados como autodefesa, ferindo as pessoas que a agridem ou que ela pensa que irão agredi-la. Porém, se a tratarmos com carinho, se evitarmos tocar nos seus espinhos, teremos toda beleza da rosa em nossas mãos.

Assim são todos os seres humanos, inclusive você. Constituído de flores e espinhos, de defeitos e virtudes. E para que tenhamos a flor do ser humano, torna-se necessário que aprendamos a conviver com os seus espinhos.

Aquela pessoa que a ama é também capaz de, em um dado momento, ser agressivo com você. Seu amor não pode ser analisado por um minuto apenas, apegando-se à pedrada e esquecendo-se de todos os afagos recebidos.

A rosa continua sendo extremamente bela,
mesmo possuindo espinhos.

Quando você vai acariciar uma rosa e ela sem compreender sua atitude lhe fere, você não guarda mágoa, pois sabe que nem sempre ela se encontra em condições que lhe propiciem “adivinhar” a sua intenção. Por que, então, magoar-se com o ser humano, se o mesmo acontece com ele?! Sua condição atual não permite que adivinhe sempre as intenções do outro. Além disso, magoar-se fará apenas com que perca energia, com que desequilibre seu próprio metabolismo, mas nunca fará com que a natureza dê saltos, que o Homem repentinamente deixe de ter defeitos.

Sempre encontrará pessoas que lhe machucarão. Às vezes ficará na dúvida, se ao perdoá-las está sendo compreensivo ou “sem sentimentos” – sem amor próprio. Para que chegue a uma conclusão, imagine uma balança; coloque de um lado os afagos e de outro as pedradas dadas por esta determinada pessoa; avalie para que lado a balança pende, a fim de que possa decidir continuar ou não o relacionamento. Se escolher continuar, lembre-se que a opção foi sua. Optou pelo que era conveniente para você! Então, não se faça de vítima, acreditando que está sacrificando-se por alguém. Na verdade, escolheu o que era melhor para você (pelo menos, naquele momento).

Compreenda que os espinhos, muitas vezes, incomodam mais à roseira, do que às pessoas que ela fere; e que ela só não os tira porque não sabe como fazer isso.

33. O diabo sabe, não porque é sábio. O diabo sabe porque é velho


Eu conheci uma pessoa que, apesar da pouca idade, possuía uma grande sabedoria de vida. Conhecimentos que ela fazia questão de transmitir a todos que se aproximavam dela. Eu a admirava demais, não apenas pela sabedoria, mas também por esse desprendimento. Porém, nem todos percebiam esta atitude como algo grandioso. Algumas pessoas a consideravam pretensiosa e “metida a sabichona”. Um certo dia, quando mais uma vez eu elogiava sua sabedoria (pois este era um comportamento que eu nunca cansava de ter), ela saiu com esta: “O diabo não sabe porque é sábio. O diabo sabe porque é velho”.

Não entendi o que aquele provérbio tinha a ver com a nossa conversa, mas ela prontamente explicou-me: “você vive a elogiar-me pelos meus conhecimentos sobre a vida, mas eu sou como o diabo, não sou sábia, sou velha”. Estranhei aquela explicação e lhe disse que ela estava no auge da sua juventude (tinha apenas vinte e cinco anos). Ao que ela argumentou: “não é o meu corpo que é velho, é a minha alma”. E continuou: “eu tenho uma hipótese sobre as pessoas que, naturalmente, possuem um conhecimento maior sobre as “Leis Universais”. Para mim, os seres foram criados em momentos diferentes. Assim, os que foram criados primeiro, e logicamente são mais velhos, possuem mais conhecimentos, uma vez que já experienciaram mais coisas”.

Brinquei dizendo que, “sabiamente”, ela havia encontrado uma maneira de pensar que a impediria de cair na armadilha do orgulho e da prepotência, que é o grande abismo das grandes almas. Ela não disse mais nada, apenas sorriu. E o seu sorriso possuía um brilho que eu só tinha o prazer de ver nos seus lábios.

Os anos se passaram e a vida nos afastou. Quando voltei a reencontrá-la percebi que alguma coisa tinha mudado. Seu brilho não era mais o mesmo. Porém, o prazer de estar ao seu lado demostrava-me que a sua energia continuava igual ou até melhor. Expus os meus sentimentos e ela então me contou a seguinte estória:

“Era uma vez um diamante que vivia no mundo a brilhar intensamente. Brilhava muito, mas não desejava com isso ofuscar o brilho dos outros seres. Na verdade, queria incentivar todos para que desejassem e conseguissem brilhar tanto quanto ele. Dizem, no entanto, que luz demais cega aqueles que estão acostumados à escuridão. E foi isso que aconteceu: as pessoas ficaram cegas e pisaram tanto no diamante, que ele se reduziu a pó. Porém, restou dele um pedacinho maior, do tamanho de um grão de areia. Esse grãozinho de areia resolveu, então, esconder-se dentro de uma concha, a fim de proteger-se. Ficou ali durante anos, séculos talvez. Até perdeu a noção de tempo! Mas não perdeu a noção de si mesmo. Cresceu e transformou-se! Já não brilhava tanto. E não desejava mostrar seu brilho ao mundo. Quem desejasse vê-lo teria que esforçar-se para abrir a sua concha, a fim de conviver com a sua beleza. O diamante tinha se transformado em uma pérola.”

Ao ouvir o relato, percebi imediatamente que minha amiga estava falando de sua própria vida. E a admirei ainda mais, pois o tempo tinha realmente aumentado o seu cabedal de sabedoria. Ela aprendeu a mensagem de Cristo: “Não jogue pérolas aos porcos”. E descobriu que o seu saber, assim como pérolas, não deveria ser jogado aos “porcos”.




34. Até as cobras se abraçam, quanto mais as criaturas


Tive a grande sorte de ter tido pais que souberam ser ao mesmo tempo firmes e meigos. Recebi na infância uma grande dose de carinho, que vinha recheado de toques, afagos e beijos. Com isso fiquei viciada e passei a trocar carícias com todos que de mim se aproximavam. Algumas me deixavam plena de amor. Outras, no entanto, pareciam fazer com que eu ficasse triste, vazia e fraca. Era como se ao invés de ter trocado amor, tivesse recebido uma dose de veneno, que penetrava pelo coração e através do sangue se infiltrava por todo o meu ser.

Eu era muito pequena ainda para compreender aquilo, que para mim era um grande mistério. Até então, pensava que todo mundo era uma extensão da minha família e, assim, eu poderia abraçar e beijar a todos, fazendo com que o amor se espalhasse cada vez mais.

Ignorância! Santa ilusão! Ou talvez, inocência e falta de conhecimento da população que habita a Terra.

Mas toda criança cresce e, com o passar do tempo, aprende. E se não se torna capaz de desvendar todos os mistérios da vida, pelo menos alguns véus são retirados.

Quando eu retirei o véu desse mistério, sobre o qual estou comentando, aprendi muito mais do que esperava. Vi que realmente o mundo é uma extensão de minha família, mas que como toda grande família é composto de pessoas boas e más. Aprendi que cada indivíduo possui vibrações energéticas diferentes e que só com aqueles que estão vibrando no mesmo grau de sintonia pode ocorrer uma verdadeira e saudável troca energética.

Continuei crescendo, observando e aprendendo. Até que um sábio indiano aprofundou meus conhecimentos sobre a troca de toques. Ele explicou-me que é por precaução, para evitar o que poderíamos chamar de contaminação energética, que na Índia evita-se os cumprimentos realizados através de abraços e beijos. Uma saudação, onde o corpo se reclina em sinal de respeito ao ser divino que ali se encontra; dando-se, no entanto, um passo para trás, a fim de proteger-se da energia de alguém que se encontra ainda em processo de humanização é o suficiente para demonstrar o respeito pelo outro.

Não sou indiana, mas “aprendi a aprender” com todos os povos, de todas as raças e de todas as partes do planeta. Por isso, hoje evito ao máximo trocar beijinhos e abraços sociais. Seria como limpar minha casa e permitir que a todo momento algum irresponsável, displicente ou desmazelado a suje.

Mas, quando os abraços com as “cobras humanas” são inevitáveis, procuro pelo menos criar uma barreira protetora, feita de amor, compreensão e força, a fim de que o veneno delas não me atinja. E se atinge, tomo logo o soro antiofídico contra “cobras sociais”: uma boa chuveirada, que limpa, refresca e revigora o corpo e a alma.


35. Quem agasalha cobra peçonhenta, morre picado


A casa, o lar onde moramos, deve ser para nós um templo sagrado. É ela quem acolhe os nossos sonhos, nossas dores e, principalmente, nossos amores. E é por isso mesmo que devemos estar bastante atentos em relação às pessoas que nela penetram.

Assim como não permitimos que as ervas daninhas permaneçam em nosso jardim – a fim de que não danifiquem nossas flores, não devemos também permitir que permaneçam, nem mesmo penetrem em nosso lar pessoas carregadas de veneno.

Essas pessoas nos visitam, geralmente, para contar fofocas da vizinhança, chorar sua mágoas, fazer “fuxico” de nossos filhos (claro que com a melhor das intenções, dizem elas). E quando o assunto esgota, falam dos políticos e da miséria que assola nosso país. Parecem que carregam sempre uma nuvenzinha negra sobre a cabeça, que causa uma verdadeira tempestade em nossa vida.

Normalmente, permitimos que esse tipo de gente frequente nossa residência por educação, pela política de boa vizinhança e, muitas vezes, porque também gostamos de escutar e fazer “fofoca”.
Mas cuidado! o veneno que hoje está sendo destilado para outro alguém, amanhã poderá ser dirigido a você. Pois, “quem agasalha cobra peçonhenta morre picado”.

Acolher essas “cobras” é dar oportunidade para que elas um dia mordam o seu calcanhar, atinja o seu ponto fraco. Já que participando da sua intimidade sabem o local onde soltar o veneno. Então, muito cuidado com essas pessoas, ou melhor, com essas cobras. Pois este tipo de animal nunca escolhe a quem picar. Se essas pessoas falam mal dos outros com você, com certeza, falará mal de você com os outros.



36. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento


Não posso nem lembrar-me o quanto penei, quantas surras precisei levar do “Pai Universo” até conseguir aprender esta lição. Isto porque era muito difícil para mim perceber que existem pessoas que se orientam pelo mal. Mesmo sabendo que cada criatura traz no mais íntimo do seu ser as forças do bem e do mal (e que estas devem ser usadas, respectivamente, na construção e destruição, a fim de manter o universo em harmonia), recusava-me a acreditar que algumas delas atuam, quase que de forma integral, através da energia do mal. E o pior de tudo, é que não agem assim com a intenção de contribuir para a harmonia do universo, mas sim com intuitos egoísticos, onde “apenas” um ser deverá ter lucros: ele mesmo.

Eu comparo estas pessoas com whisky falsificado: usam embalagem sofisticada, a fim de esconderem um conteúdo de péssima qualidade. Embriagam e até hipnotizam os consumidores ao ponto de fazer com que eles percam o raciocínio e a capacidade de análise. E o pior, não conseguem se quer culpar o whisky pelo estado de embriaguês, encontram sempre um outro algoz. Por exemplo, a “azeitona da empadinha”.

Exatamente como whisky falsificado são estas pessoas: se enfeitam, fazem caras e bocas, criam assim em torno de si uma falsa luminosidade que nos embriaga, a fim de não permitir que vejamos o mundo de trevas que habita o interior delas. É como diz o povo: “as aparências enganam” e “quem vê cara não vê coração”.

Foi por ter sofrido tanto por não acreditar que existem criaturas que não querem, ou talvez não saibam ainda, colaborar para a harmonia do universo, que aprendi – quando conheço um novo alguém – a enxergar além das aparências. É olhando nos seus olhos que conheço sua alma. Afinal, “os olhos são os espelhos da alma” e refletem tudo o que existe nos corações dos Homens.

Aprendi a acreditar, ou melhor, fui o obrigada a aceitar, que as pessoas agem dessa forma não por maldade, mas sim por instinto. Porém, aprendi que não cabe a mim transformá-las e sim a elas próprias. E enquanto isso não acontece, o melhor que faço é ficar afastada delas, do mesmo jeito que recuo diante de uma bebida ou até mesmo de um perfume falsificado.

Protejo-me para assim poder proteger aqueles que realmente necessitam e pedem ajuda. Protejo-me para poder ajudar as pessoas que realmente desejam mudar.




37. Quem planta, colhe


“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

Você pode escolher plantar arroz ou melancia. Mas se plantou arroz, não colherá melancia e vice-versa. Ai reside a diferença fundamental entre o destino e o livre arbítrio:

Somos livres para plantarmos o que quisermos.
Destinados, no entanto, a colhermos o que plantamos.

Esta “Lei Universal”, tão mal interpretada, é vista normalmente como um castigo divino, onde o indivíduo sai como vítima do “implacável” destino.

Deus não castiga! É como diz um travesso anjinho, de uma história infantil: “Deus não castiga seus filhos. Ele é só perdão. Mas se eu não acreditar que Ele me castiga, como vou deixar de ser pintão?”

Nós criamos este Deus punitivo para que, pelo medo, tenhamos força para nos corrigirmos. Na verdade, quem nos pune é a nossa própria consciência.

“Somos escravos do ontem,
mas somos donos do amanhã.”

Se somos prisioneiros dos nossos atos passados,
somos livres para construirmos o presente.
Consequentemente, donos do nosso futuro.

Dizem que “aqui se faz, aqui se paga”. Nos queixamos, no entanto, que nem sempre isso parece ser verdadeiro, pois vemos pessoas tão ruins e que parecem que só recebem recompensas. Isso ocorre, provavelmente, porque em determinadas plantações os resultados demoram a surgir. Mas não podemos esquecer que “a justiça divina tarda, mas não falha”. Os resultados dos maus atos podem até não surgirem imediatamente, mas surgirão.

Um dia, toda criatura percebe que se comportar de forma que agrida o “Universo” não faz ninguém feliz. E é a tomada de consciência de quanto tempo se perdeu para ser feliz que é a grande punição recebida.

“Toda ação corresponde uma reação.”

Mas quem aplica essa lei em si mesmo é o próprio homem.



38. O que vem de baixo não me atinge


Quando eu era criança e alguém me dizia algum desaforo, imediatamente eu respondia: “o que vem de baixo não me atinge”. Alguns colegas, no entanto, tão desaforados quanto eu, retrucavam: “então, sente em cima de um formigueiro e verá”. O que eles não entendiam era que aquele ditado, provavelmente, queria referir-se à alma, e não ao corpo físico.

Porém, ainda criança percebi que aquela frase tinha um significado muito maior que apenas o de dar uma resposta desaforada a alguém que nos ofendia. Ela era um ensinamento que a vida nos dava e sobre o qual, um dia, eu pretendia ter maiores explicações.

Mais tarde, refletindo sobre esse dito popular, que tanto utilizei na infância, pude perceber que em nosso planeta as pessoas se encontram em diferentes degraus da “escada evolutiva”. Umas se encontram bem abaixo de nós, algumas ao nosso lado, enquanto outras estão acima. Os seres que se localizam acima, dificilmente se darão ao “desfrute” de atirar pedras para baixo, pois tem assuntos mais sérios para tratar. As pessoas que se encontram ao nosso lado evitam nos machucar, pois sofrem dores semelhantes. Já as pedras que nos são jogadas de baixo para cima, vem com pouca força e fica difícil de nos atingir. Afinal, a “Lei de Gravidade” faz com que as pedras retornem ao seu lugar de origem, correndo até o risco de baterem na cabeça do atirador.

“O feitiço vira contra o feiticeiro.”

Aprendi, pois, que as pessoas existentes em nosso planeta encontram-se em estágios de alma bastantes diversificados e que esse fato é o grande causador da desarmonia entre os seres humanos. Porém, essa desarmonia só ocorre porque esse “pequeno detalhe” parece ter sido apagado da memória da humanidade.

As pessoas resistem a acreditar na hipótese de que existem seres mais e menos evoluídos do que elas, às vezes por medo de se sentirem vaidosas ou prepotentes. Eu mesma, durante muito tempo, assim me senti. Eu questionava porque o Criador faria seres mais evoluídos do que outros. Até que um dia, que considero um dos grandes dias da minha vida, lembrei-me da conversa que tive com a amiga sobre a qual comentei anteriormente. Lembrança que muito me aliviou e ajudou para que eu convivesse melhor com os meus semelhantes: os diversos estágios de alma existentes na Terra seriam decorrentes da idade que essas almas possuem. Algumas almas, portanto, são mais sábias apenas porque são mais velhas.

Pensando assim, quando alguém é ofensivo, injusto ou faz algo que percebo que vai de encontro à harmonia planetária, ou à minha própria harmonia, logo identifico ali uma alma criança, que como qualquer criança precisa de compreensão e orientação.

Foi para mim, portanto, uma grande benção compreender dessa forma esse ensinamento popular. Pois, através dele posso transmutar o sentimento de raiva em sentimento de compreensão e amor pelos meus semelhantes. Assim como também experimento uma maior sensação de proteção, uma vez que os seres que possuem almas mais velhas do que a minha, com certeza, saberão entender as minhas falhas.



39. Errar é humano, diabólico é persistir no erro


Podemos encarar as consequências ruins dos nossos atos de uma forma menos sofrida, se ao invés de fazermos o papel de vítima, encararmos estas consequências como instrumentos de aprendizado.

Nós não culpamos uma criança de um ano de idade por derramar o seu suco, pois compreendemos que seu estágio psicomotor faz com que cometa estes pequenos desastres. É, somos todos crianças em processo de aprendizagem.

Tomar consciência dos erros é uma coisa!
Fazer disto uma autotortura é outra completamente diferente.

Caso culpar-se resolvesse problemas, eu diria: “Se culpe, se culpe, se culpe”. Mas não resolve! Portanto, se errou, “levante, sacuda a poeira e dê a volta por cima”. Se voltou a cair, levante-se de novo. Até a criança aprender definitivamente a não mais derramar o suco, várias vezes ela o derramará.

“Só nunca errou quem nunca tentou”.

O que importa não é se você conseguiu acertar, e sim, suas tentativas de acertos. Quando deixamos de tentar é que, por orgulho, tememos fracassar. Tudo bem, não seremos fracassados. Em compensação, seremos covardes!

Segundo Elbert Hubbard (escritor americano):
“O maior erro que você pode cometer na vida
é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum”.

Para Millôr Fernandes:
“Errar é humano. Botar a culpa nos outros também”.

A culpa é um dos sentimentos mais prejudicais que você pode ter. Além de romper a sua proteção energética, deixando o seu corpo receptivo às más energias vindas do meio ambiente, descontrola o sistema endócrino e nervoso. Faz também com que culpando a si mesmo, você sinta-se livre para culpar os outros, gerando um círculo vicioso onde todos são culpados e ninguém é inocente.

Todos somos inocentes,
por sermos seres em processo de aprendizado.

Uma vez conheci um homem que tinha uma amante. Ao perceber que amava a esposa, perguntei porque ele tinha outra mulher. Ele respondeu o seguinte: “eu amo minha esposa, ela é meu patrimônio, o que faço com a outra não posso fazer com ela”. Ele estava referindo-se ao ato sexual. Tinha uma amante (pelo menos na visão dele), por proteção e respeito à esposa.

Esse homem pode ser considerado um “cego”! E assim como ele, somo todos nós. Cada um em relação a uma coisa, independente do grau de cultura que se tenha (será que podemos culpar um cego por ele não enxergar?).

Se compreendermos essa lição na íntegra, não mais nos sentiremos ofendidos e magoados, pois saberemos que ninguém erra porque quer. E que ignorância e cegueira são estágios de alma.
Aí a nossa vida mudará. Consequentemente, o mundo irá mudando também.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo")


40. Se conselho fosse bom não seria dado de graça


As boas coisas da vida, as primordiais para a nossa sobrevivência, nos são dadas de graça: o ar, que podemos considerar nosso principal alimento (conseguimos passar trinta dias sem comer, mas não passamos vinte minutos sem respirar?); o sol, que com seu calor não permite que nosso planeta congele, além de matar a maior parte dos vírus e micróbios (se isso não acontecesse a espécie humana não sobreviveria); a água, que mata nossa sede e que irriga o solo, o qual nos fornece alimento. Além destas, muitas outras coisas sobre as quais nem paramos para pensar, nos são dadas de graça.

O conselho também seria algo que poderíamos obter gratuitamente, caso compreendêssemos que sabedoria independe da idade cronológica e do nível cultural que se tenha. Claro que quanto mais velho, mais experiente se é. Não necessariamente mais sábio. Uma pessoa nova pode ser um espírito velho.

Geografia e história se aprende na escola.
Mas vida se aprende na vida.

Porém, como vivemos numa sociedade onde só tem valor o que é “pagável” e caro, o único conselho valorizado agora é o de um psicoterapeuta. Lembro-me que fui dar um curso e como desejava alcançar um maior número de pessoas, cobrei um preço mínimo. Durante o curso, várias pessoas disseram-me que quase não se inscreviam, pois, se o curso era barato, a psicóloga não poderia ser uma boa profissional. Não sabiam estas, que o grande ideal de um psicólogo (nem todos, claro!) é adquirir experiência com algumas pessoas e transmiti-las para outras. Aprendendo e ensinando a grande arte do bem viver.

Às vezes, digo coisas aos meus clientes e eles ficam encantados, pensando que estou usando alguma teoria de Freud, Fritz ou Jung. Na verdade, estou passando uma lição de vida que aprendi com um motorista de transporte coletivo, com minha secretária ou com a minha avó. É claro que os conhecimentos dos grandes mestres são utilizados, e muito, num consultório psicoterápico. Mas a “Verdade” nunca está em um só lugar. E por ver o conhecimento dessa forma é que uso historinhas e músicas infantis com clientes adultos, o que os deixa, a princípio, espantados.

O psicoterapeuta é apenas uma pessoa que tem quase como única função analisar a vida. Por isso, apenas por isso, torna-se mais capacitado para falar sobre ela. Mas os conselhos precisam ser recebidos (e muito bem recebidos), venham de onde vier, cheguem como chegar. Porém, não é ideal segui-los à risca, sem que haja uma prévia avaliação por parte de quem o recebe. Só a própria pessoa pode e deve definir o que é melhor para si.

Tudo que fiz, até agora, foi dar conselhos. Que eles sejam analisados e utilizados, da forma que parecer mais conveniente para você. Pois, “sua cabeça é seu mestre”.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)


41. De grão em grão, a galinha enche o papo


Durante esse nosso convívio, leitor, conversamos muito sobre tentar nos equilibrarmos, para assim ajudar a construir um mundo mais bonito. Talvez isto lhe pareça algo distante, difícil de acontecer. E, principalmente, que você é muito pequeno para conseguir tamanha façanha. Mas ninguém está pedindo que consiga sozinho; apenas, que comece a tentar.

Para que o mundo mude não é preciso grandes revoluções.
Apenas pequenas evoluções internas.

O “Universo” é um grande organismo e cada um de nós, células que o compõe. Cada célula que se modifica, transforma o organismo. Quanto mais você se ilumina, mais esta luz se irradia, iluminando os outros.

Talvez você continue achando difícil entender como se transformando aqui, você poderá ajudar na transformação das pessoas que estão .

“Todos somos Um.”

A síndrome do centésimo macaco demonstra isso claramente:

Um estudo sobre o comportamento de macacos selvagens estava sendo feito no Japão, no ano de 1952. Estes tinham como alimento principal a batata doce. Um dia, os cientistas perceberam que uma macaca estava fazendo algo que nunca tinha feito antes – lavar a batata para comê-la. A macaca repetiu o comportamento nos dias seguintes e muitos dos outros macacos passaram a ter este comportamento. Foi quando os cientistas das ilhas vizinhas, perceberam que os macacos de lá também estavam lavando a batata antes de comê-las. É importante notar que não havia nenhuma ligação física entre as ilhas e nenhum macaco foi transportado de uma ilha para outra.

Como diz Shakti Gawain, no seu livro “Vivendo na Luz”:

“É assim que ocorre a evolução da consciência. A consciência de cada indivíduo está ligada e é uma parte da consciência de massa. Quando um número pequeno, mas significativo de indivíduos passa a um novo nível de consciência e muda significativamente o seu comportamento, essa mudança é sentida por toda a consciência de massa. Todos os outros indivíduos se voltam para a direção dessa mudança. E tudo isso talvez tenha começado com um único indivíduo que deu o primeiro passo.”

Várias pessoas já sonham com um mundo melhor.

Sonhe você também!

“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só.

Mas sonho que se sonha junto, é realidade.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

42. O mundo é redondo mas é cheio de quinas


E quem sabe se em uma dessas quinas, eu e você – leitor, não nos encontraremos e trocaremos nossas experiências?

“Até as pedras se encontram, quanto mais as criaturas!”

Além disso, “longe é um lugar que não existe” para as pessoas que se amam e compartilham dos mesmos ideais. Principalmente, quando esses ideais são de amor e paz para toda a humanidade.
Lembro-me de um dia, que ao chegar de viagem, mantive com meu filho, na época com sete anos de idade, um diálogo saudoso”:

- Sentiu saudade de mim, meu filho?
- Mais ou menos - respondeu ele.
- Mais ou menos, meu filho! - falei decepcionada.
- Minha mãe, não foi você mesma quem me ensinou que quando duas pessoas se amam, podem estar muito longe, mas os corações ficam sempre juntos?! – concluiu meu filho, com a sabedoria dos inocentes.

É claro que eu tinha ensinado uma coisa que sabia na teoria, mas não na prática. Pois saudade é uma palavra genuinamente brasileira e, como brasileira que sou, é o meu sentimento mais forte. Em nenhum outro idioma existe essa palavra, que tem como significado: “lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo suave, de pessoa ou coisa distante ou extinta”. No entanto, considero mais de acordo o significado dado por Dra Cristina Teixeira, uma psicóloga amiga minha: “saudade é a dor da ausência”. Pois nada, nem ninguém substitui a razão da nossa saudade. Porém, se existe alguma dor gostosa de ser sentida é esta: a dor da saudade. Por isso, hoje prefiro dizer: saudade é o prazer da presença. O prazer de poder sentir presente em nosso coração as pessoas que amamos, para que possamos compartilhar nossas experiências, sabedoria e, assim, aprofundemos nosso autoconhecimento.

Chegamos ao final do nosso convívio, meu querido leitor (pelo menos por enquanto). Um forte sentimento de saudade já começa a apertar o meu peito. Mas se apertar demais o seu, releia o livro. Assim, nos reencontraremos quantas vezes você desejar.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)